Eleições 2024: o desenho da disputa pela Prefeitura de Fortaleza na pré-campanha

Todos homens, os pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza se organizam às vésperas da campanha de rua

Legenda: São 7 pré-candidatos em disputa pela prefeitura de Fortaleza
Foto: Reprodução / Fábio Lima / PMF

A menos de dois meses do início da campanha eleitoral, o cenário de disputa em Fortaleza está posto. Sem muitas surpresas, o que se observa até este mês de junho é o ensaio de como cada pré-candidato vem apostando o discurso para atrair o eleitor. 

Entre debates sobre segurança pública, apadrinhamento político, rompimentos e picuinhas desenfreadas, vai se construindo uma pré-campanha empobrecida e sem foco nas prioridades. Por enquanto, são sete pré-candidaturas na Capital: 

  • José Sarto (PDT)
  • Evandro Leitão (PT)
  • Capitão Wagner (União)
  • Eduardo Girão (Novo)
  • André Fernandes (PL)
  • Técio Nunes (Psol)
  • Haroldo Neto (UP)

Ainda na fase de pré-campanha, há declarações pontuais de um possível acordo entre pelo menos dois nomes do campo da direita: Capitão Wagner (União), André Fernandes (PL) e Eduardo Girão (Novo). Não se sabe o que é pra valer e o que é blefe.

Contudo, todos mantêm suas pré-candidaturas firmes e, oficialmente, não parecem declinar do registro da candidatura. O que dificulta a união é a figura paterna do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no pleito, que é cara para uns, mas nem tanto para outros. 

Governismo... 

Do lado do prefeito José Sarto (PDT), a indefinição fica por conta da escolha de vice, que tudo indica que ficará por conta da federação PSDB/Cidadania. As estratégias de chapa entre os partidos aliados na Câmara Municipal de Fortaleza parecem questão resolvida.

Se chegará um novo partido robusto para se aliar ao PDT de Sarto será surpresa, tendo em vista que as movimentações até agora só sinalizaram alianças com legendas de menor força financeira e de representação no Congresso Nacional. 

Oposição petista 

A indicação de Evandro Leitão (PT) para representar o PT na corrida eleitoral ainda espera a unidade petista em sua completude. Deputada federal mais votada do partido em Fortaleza, Luizianne Lins (PT) ainda não deu declarações se vai trabalhar ou não pelo nome do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o governador Elmano de Freitas (PT) disse que respeitará o tempo da ex-prefeita sobre a postura que ela adotará. Enquanto isso, ela cuida da pré-campanha de Waldemir Catanho (PT) lá em Caucaia. 

Apadrinhamento político 

Alianças políticas ajudam, mas não garantem vitória eleitoral. Em muitas vezes atrapalham. Nessa mesma reflexão, liderança nacional não governa cidade. Por outro lado, andar sozinho em uma campanha diz muito mais do que se vê. E pode ser muito ruim. 

O próximo prefeito de Fortaleza vai governar com a sua própria consciência e capacidade de solução dos problemas. É preciso se firmar como liderança para isso. E esse perfil não é para todo mundo. A tarefa não é nada fácil. 

Debate sobre a cidade 

É de se lamentar que ainda não há uma conexão entre os discursos dos nomes colocados para governar a cidade com as pautas prioritárias da população como serviço público de saúde, criação de empregos e transporte público. 

O ataque vazio às políticas de segurança pública, por exemplo, segue tirando o foco da complexa solução para o combate às facções criminosas e o abandono de boa parte da juventude periférica que infelizmente aduba o crime. 

A poucas semanas da eleição na maior capital do Nordeste, o tema da segurança ainda não foi debatido com seriedade e responsabilidade. A população não foi ouvida nem respeitada. 

No melhor dos mundos, a pré-campanha eleitoral funcionaria justamente para isso: aprofundar o debate que uma campanha de 45 dias muitas vezes não dá conta. O que se viu até agora, infelizmente, foi o debate de nomes ao invés de projetos robustos. 

E o eleitor? 

Diante do distanciamento de pautas inerentes à vida cotidiana, os fortalezenses não estão nada ansiosos pela disputa eleitoral. Há um forte desgaste com a classe política pelo que se apresenta até agora. Nada está bom. 

Não será fácil convencer o eleitor de que haverá melhorias quando falta diálogo entre gestores públicos e o prejuízo à sociedade é admitido publicamente. Por que será diferente agora?  

E isso ocorre em um cenário em que a maioria do eleitor não tem tempo para acompanhar picuinhas pelas redes sociais porque há outras prioridades, como pagar as contas, cuidar da saúde e conseguir trabalho. 

*O colunista está de férias e retorna em 15 de julho.

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