Povos do Mar: artesanato gera negócios para famílias cearenses

Importante para difundir a produção de artesãos, o 13º Encontro Sesc Povos do Mar segue até amanhã (22)

Legenda: Edimar Mendes, da cidade de Paraipaba, "cata" madeiras e a partir delas cria peças
Foto: Divulgação

As feiras, eventos e lojas voltadas para o artesanato movimentaram R$ 3,8 milhões, no ano passado, no Ceará, conforme dados da Central de Artesanato do Estado (CeArt). Ao todo, 12,7 mil pessoas que vivem dessa arte foram beneficiadas. 

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Dentre as medidas para incentivar o setor, está o 13º Encontro Sesc Povos do Mar. Iniciado no último domingo (18), o evento reúne artesãos, pescadores, marisqueiras, mestres da cultura e rendeiras. Os artigos produzidos por esses profissionais estão expostos no Iparana Hotel Ecológico, em Caucaia, na Grande Fortaleza. 

No local, há estandes representando comunidades tradicionais de 25 municípios litorâneos cearenses. A programação segue até a próxima quinta-feira (22). 

Com a ação intitulada “Feita à Mão”, um dos cinco eixos, que abrangem diversos aspectos das relações comunitárias envolvendo os povos tradicionais convidados a participar do Encontro, a organização do evento objetiva ampliar a visibilidade aos trabalhos manuais dessas famílias.

Essas atividades representam o ganha-pão de milhares de comunidades litorâneas pelo Estado e não raro se restringem à venda ambulante na beira da praia ou a encomendas restritas.

As histórias por trás dos números

O Edimar Mendes, da cidade de Paraipaba, "cata" madeiras e a partir delas cria peças. Ele tem um ateliê na beira da estrada, com uma pequena marcenaria e um depósito ao fundo do estabelecimento, do qual cuida junto com a esposa, Regina Silva.

Ela, por sua vez, trabalha com Macramê Rústico - uma tecelagem manual, com fios trançados e atados por nós, formando desenhos. Uma arte complementando a outra.

Conforme o artesão, as madeiras de cerne branco são as mais valorizadas. São com elas que ele faz pirografia, uma técnica que se utiliza do fogo para desenhar rostos, cunhar frases de efeito e gravar nomes ao gosto do cliente.

Mendes, descendente de indígenas, demonstrou satisfação com a liberdade criativa que experimentava na feira. “Para mim, o melhor evento que já participei”, disse. 

“Já expus em vários lugares, mas aqui posso mostrar o que sou realmente. Posso trazer as peças que saem da minha cabeça mesmo: um índio, um pescador, uma poesia minha para colocar nas peças, e isso não tem preço”, completou. 

Já Ediberto Borges de Castro, de 39 anos, natural da Praia da Redonda, em Icapuí, prefere imprimir utilidade em suas peças. Sem prescindir da beleza e do design — e baseado em sua formação de marceneiro —, ele pratica o que chama de “Artesanato Funcional”, dando forma a porta-canetas, porta-copos, porta-toalhas e luminárias de madeira, quase todos como motivos relacionados às praias daquele município.

Pela segunda vez expondo na feira dos Povos do Mar, ele informou que seu público-alvo também são os hotéis e pousadas de Icapuí. “Trabalhei 18 anos na indústria. Era operador de máquinas e bombas, de 2004 a 2022 e comecei a vender artesanato há oito anos, na Redonda, Ponta Grossa, Peroba e praias vizinhas. Até que uma amiga, dona de um restaurante da região, me indicou o evento no ano passado. Hoje, sou muito mais feliz”, comemorou.

 
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