Pindoretama quer anexar praia de Aquiraz, mas não tem plano concreto para área

Trâmites para absorver a área são complexos, e Município parece não estar preparado

Escrito por
Victor Ximenes victor.ximenes@svm.com.br
Legenda: Comunidade da Praia do Batoque é construída e composta por pescadores nativos
Foto: Ismael Soares/Diário do Nordeste

O município de Pindoretama, na Região Metropolitana de Fortaleza, apesar de estar localizado muito perto do litoral, não possui praia. É espremido por Aquiraz e Cascavel e, provavelmente, é a cidade menos expressiva economicamente entre todas as suas vizinhas.

Por esse motivo, o prefeito do Município, Dedé Soldado, tem manifestado publicamente o desejo de anexar ao território de Pindoretama a Praia do Batoque, hoje pertencente a Aquiraz. O objetivo é antigo.

A intenção, no entanto, parece estar apenas no campo das ideias, pois o Município ainda não tem um plano concreto para a região, que representa importante patrimônio ecológico para o Ceará.

A área do Batoque é rica em belezas naturais e ecológicas, portanto, apresenta potencial turístico, abrigando desde 2003 a Reserva Extrativista (Resex) do Batoque, unidade de conservação federal com cerca de 601 hectares.

Processo complexo

A comunidade local possui vínculos contundentes com Pindoretama, mas a eventual anexação não é simples, devendo respeitar uma série de etapas, como estudos técnicos e até a aprovação de lei na Assembleia Legislativa. Há ainda temores de que a unidade de conservação fique vulnerável em meio ao ímpeto pelo crescimento econômico na área.

Para se ter dimensão, o PIB per capita de Pindoretama é 38% inferior à média do Estado, segundo dados do IBGE. Trata-se, portanto, de uma cidade com economia rudimentar, com uma renda baixa predominando em sua população. A administração pública responde por mais de 40% do PIB da cidade, outro dado que revela a fragilidade produtiva. O turismo, portanto, poderia ajudar a reverter essa situação.

A gestão municipal, contudo, parece não estar preparada para absorver a área. Esta Coluna questionou, nos últimos dias, gestores da Prefeitura — incluindo o próprio prefeito — sobre o projeto, mas não obteve retorno algum. Entre os pontos questionados, estão como o Município pretende lidar com a preservação da área e a prestação de serviços para a comunidade. O espaço segue aberto para manifestações.

Shows milionários

O Município, aliás, ganhou o noticiário na semana passada ao ser alvo da Justiça, que cancelou  shows de grandes atrações, como Wesley Safadão. Os gastos com cachês se aproximam de R$ 2 milhões, um montante astronômico para um Município financeiramente frágil. Mas os shows foram mantidos após suspensão da liminar.

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