SUVs ganham espaço no mercado cearense, apesar dos preços elevados em relação a carros de entrada; Confira o ranking dos 20 carros mais vendidos do Ceará
Um fenômeno recente vem modificando o mercado automotivo cearense. Ganhando território com rapidez, os veículos SUV estão se aproximando do topo das vendas, mesmo com preços mais elevados do que os de veículos de menor porte.
Neste ano de 2022, o ranking dos 10 carros mais vendidos do Ceará (dados acumulados de janeiro a setembro) traz quatro modelos SUV. São eles: Hyundai Creta, Jeep Compass, GM Tracker e Fiat Pulse.
Para se ter dimensão, o Compass é um carro com preço de partida em torno de R$ 160 mil e versões mais robustas que passam dos R$ 200 mil. Ainda assim, o modelo vendeu mais unidades no ano que o HB20, da Hyundai, carro que custa a partir de R$ 70 mil na versão mais simples.
Foram vendidos, nos primeiros 9 meses deste ano, 1.086 Compass no Ceará e 949 modelos HB20. Os dados são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores)
Apesar de o primeiro lugar nas vendas ainda pertencer ao campeão Onix, os SUV estão escalando no ranking. Outro exemplo é o Creta (versões a partir de R$ 120 mil), que atingiu a quarta posição no Estado, acumulando mais de 1.300 unidades e quase empatado com o Renault Kwid (3º lugar), um carro muito mais barato.
Quais são os motivos
Ao analisar a situação nacional, percebe-se um cenário diferente. Em linhas gerais, os veículos de entrada continuam bastante acima dos SUV. Os motivos para esse descompasso são diversos.
Na opinião de Lewton Monteiro, vice-presidente da Fenabrave-CE, a diferença pode ser explicada pela forte absorção destes veículos de entrada pelas grandes locadoras de veículos, que concentram seus emplacamentos em estados do Sudeste, podendo gerar esse descompasso entre a situação nacional e a cearense.
"Como ainda vivenciamos problemas de abastecimento de suprimentos para a indústria automotiva que impactam na produção de veículos, a volumosa venda feita pelas montadoras para as locadoras de autos influi na disponibilidade destes produtos para o mercado consumidor, ofertando menos carros do que nossa demanda real, potencializando este desequilíbrio em nosso estado que é historicamente consumidor em sua maioria de veículos de entrada (versões 1.0)", analisa Lewton.
O economista Ricardo Coimbra atribui o crescimento nas vendas de veículos SUV a uma mudança no perfil do consumidor cearense de classe média/alta.
"Esse carro se encaixa em um padrão de concentração de renda que o Estado do Ceará tem. E virou também um símbolo de status ter esse tipo de carro".
Segundo ele, na visão desse tipo de consumidor, a diferença de preço dos SUVs em relação a veículos de menor padrão pode ser considerada pequena, fazendo com que optem pelos carros de maior valor e com itens de ponta.