Edson Queiroz Neto: "Hidrogênio verde é para um futuro um pouco mais distante"
Executivo avaliou desafios e oportunidades do setor energético durante palestra para grupo de empresários cearenses
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz (GEQ) e controlador do Grupo Colibri Capital, Edson Queiroz Neto, avaliou o cenário energético em palestra realizada para uma plateia de empresários cearenses, organizada pela AJE (Associação de Jovens Empresários), nesta quarta-feira (26). No evento, também compartilhou suas experiências nas empresas do conglomerado empresarial fundado pelo avô, Edson Queiroz.
Ele afirmou que a mudança no setor de energia é inevitável, mas exigirá tempo e planejamento.
“As transições mundiais levam tempo. A indústria de petróleo está se desenvolvendo há mais de 150 anos. Então, vai levar um tempo, mas realmente vai acontecer”, disse. O executivo alertou que isso ainda depende de avanços como a captura de carbono em escala eficiente, o que poderia “mudar o jogo”.
Hidrogênio verde
Sobre o potencial da indústria do hidrogênio verde, ele prevê que esse novo mercado ainda precisa de tempo para maturar.
“Hidrogênio verde, eu entendo que é um futuro, mas eu não enxergo tão próximo, eu enxergo um pouco mais distante (...) Desde 2023, que eu estou aguardando um PPA no mercado. Até hoje a gente não tem um PPA que viabilize o hidrogênio verde", analisou.
A disputa geopolítica entre Estados Unidos e China também foi destacada como vetor da transformação energética global. Segundo ele, “os Estados Unidos estão tentando frear um pouco essa transição porque são autossuficientes em petróleo”, enquanto “a China quer acelerar essa transição para as renováveis”, dada sua vantagem na cadeia produtiva de energia solar.
A energia solar permanece como a principal aposta pessoal do empresário, à frente do Grupo Colibri Capital, uma holding que atua em frentes como energias renováveis, construção civil e agronegócio.
Cenário macroeconômico e juros
No curto prazo, o executivo se mostrou preocupado com o ambiente macroeconômico brasileiro, especialmente com a política monetária. Para ele, há desalinhamento entre as conduções fiscal e monetária.
“A gente tem um Banco Central que está com os dois pés no freio e um governo que está incentivando o consumo. Tem algo aí que não está coerente entre esses entes governamentais”, comentou
Ele projeta manutenção da taxa de juros em patamar elevado e alerta para o risco de deterioração fiscal: “Se continuar desse jeito, a gente vai para quase 100% de dívida/PIB em 2030”.
Por fim, reforçou que a educação continua sendo a base para o desenvolvimento social e econômico. “As empresas brasileiras deveriam ir atrás de mais doutores. [...] Eles têm metodologia para estruturar a realidade”, disse.