Corrida por novas fontes de energia na Europa fortalece hub de hidrogênio do Ceará

Para especialistas, nova configuração energética global, após sanções à Rússia, aumentará o apetite pelo H2V. Ceará parte na frente

Legenda: Ceará parte na frente na corrida do hidrogênio verde
Foto: Shutterstock

Se a Europa já estava de olho no hidrogênio verde (H2V), depois da guerra entre Rússia e Ucrânia, que modificou fortemente a configuração energética do continente, as ambições pelo combustível do futuro devem crescer de forma exponencial. E o Ceará, com vários projetos previstos, tem muito a se beneficiar nessa nova corrida por energia.

Uma das maiores economias do mundo, a Alemanha, por exemplo, pode ser uma das principais interessadas em importar o hidrogênio. O país amarga relevante dependência dos russos, exposta com máxima nitidez após a invasão da Ucrânia.

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Pesquisa divulgada por institutos alemães aponta que um embargo total da União Europeia à energia russa, incluindo petróleo, carvão e gás natural colocaria a Alemanha em recessão econômica, com um encolhimento previsto de 2,2% em 2023. As perdas, nesse cenário, chegariam a 222 bilhões de euros, o equivalente a 6,5% do PIB alemão.

Oportunidades para o Ceará

Como os países querem reduzir a sujeição às importações provenientes da Rússia, amplia-se a pressa pelo desenvolvimento de projetos de hidrogênio.

Uma das maiores autoridades do setor energético do Ceará, Jurandir Picanço, consultor de energia da Fiec (Federação das Indústrias do Ceará), afirma a esta Coluna que a guerra rompeu um obstáculo importante para o hidrogênio. 

"A elevação do preço do gás natural, agravado pela guerra da Ucrânia, resultou nessa viabilização econômica do H2V. A maior barreira para o desenvolvimento do H2V era exatamente por não ser economicamente competitivo. Sua viabilidade decorria da necessidade ambiental, de reduzir as emissões de gases de efeito estufa".
Jurandir Picanço
Consultor de energia da Fiec

De acordo com ele, é certo que o novo cenário de competitividade vai acelerar os projetos de hidrogênio no mundo. "Espero que o Ceará seja beneficiado, mas desconheço qualquer manifestação dos empreendedores de antecipar seus investimentos no Estado", informa.

Diversificação da matriz

O presidente da Câmara Setorial de Energias, Joaquim Rolim, endossa que o mercado está percebendo com rapidez a necessidade de maior diversificação na matriz energética e descarbonização do planeta.

"Além disso, com a elevação abrupta do preço do gás natural e demais combustíveis fósseis, se antecipa a viabilidade econômica do hidrogênio verde. Nesse contexto, os projetos no Ceará ganham mais relevância", confirma Rolim.

Entre os projetos previstos para o Ceará, o mais avançado é o projeto-piloto de hidrogênio da EDP, que terá pequena escala (1,25 MW de eletrólise). Esse empreendimento — que tem a finalidade de testar as soluções para descarbonização da termelétrica da empresa, a UTE Pecém —, pode entrar em operação ainda em 2022.

Como estão os projetos de hidrogênio do Ceará?

"Este é hoje o projeto de hidrogênio verde cuja implantação é a mais avançada no Estado do Ceará. Já está implantada a geração fotovoltaica de 3 MW que alimentará o eletrolizador e estão prevendo início de operação até o início do próximo mês de dezembro", detalha Constantino Frate, coordenador de atração de empreendimentos da Cadeia Produtiva de Hidrogênio Verde, da Sedet (Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará).

Ele informa que as usinas da TransHydrogen Alliance, Fortescue, Qair, Engie e Total Eren estão em fase de desenvolvimento dos estudos de viabilidade técnico-econômica. Após isso, explica, as empresas definirão as escalas dos seus projetos e partirão para as fases de licenciamento e implantação.



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