Conta de energia deve ter fortes aumentos nos próximos 5 anos, prevê especialista

Consumidor deve se preparar para pressão sobre a fatura de energia com efeito prolongado

Legenda: Ricardo Costa palestrou sobre os desafios do setor elétrico, no Observatório da Indústria
Foto: Divulgação

A tempestade inflacionária na conta de energia não deve parar neste ano. Pelo menos nos próximos cinco anos, a previsão é de altas bastante superiores à do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), assim como já está ocorrendo em 2022, com os consumidores cearenses arcando com um reajuste médio de quase 25%, enquanto o IPCA é de pouco mais de 10%.

Essa estimativa é de Ricardo Costa, secretário de Assuntos Técnicos do Inel (Instituto Nacional de Energia Limpa) e presidente e sócio fundador da GDsolar.

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"O problema é que essa majoração acima da inflação, em níveis altos, vai continuar acontecendo nos próximos cinco anos. Antes de 2015, a gente não tinha esses aumentos. O sistema está ficando mais complexo, a gente precisa de mais térmica, de mais recursos, mais linhas de transmissão e isso tudo acaba fazendo com que a gente pague essa conta", afirma o especialista. 

Ele foi palestrante em um evento promovido pelo Sindienergia-CE, ontem (25), na sede do Observatório da Indústria, na Fiec.

Costa lembra que a variação média das contas de energia no Brasil, de 2015 a 2021 foi de 64% contra um IPCA de 37%.

"Tudo já foi feito"

Sobre o estrondoso reajuste que os consumidores terão de pagar, ele afirma: "Tudo que poderia ser feito, acredite, foi feito".

"Houve um trabalho grande da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para reduzir o impacto do aumento da energia, mas o setor elétrico responde ao cenário atual de curto prazo. Quando a gente tem um efeito de baixo volume de chuvas, o acionamento térmico foi expressivo e isso acaba chegando à conta de todos", analisou.

O especialista ressalta que a situação do ano passado, por conta da escassez hídrica, era "gravíssima, sem saída".

"Eu não gosto de usar a palavra sorte, mas a chuva que veio no volume que veio não era esperada. E ela realmente contribuiu, não só ela, mas o efeito do Nordeste na geração eólica, ajudou a mitigar", contextualiza.

Como estratégia para atenuar problemas semelhantes que venham a surgir nos próximos anos, ele defende o maior uso das energias renováveis.

Participaram do evento ainda Joaquim Rolim, Coordenador de Energia na Fiec e presidente da Câmara Setorial de Energias da Adece; Adão Linhares, Secretário Executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra; e Jurandir Picanço, Consultor de Energia da Fiec. 



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