Conta de energia: Aumento de 25% é uma afronta ao consumidor e pune a economia

Super aumento vai corroer a renda e devorar o já limitado poder de compra da população

Legenda: Contas sofrerão aumento a partir desta sexta
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Alguém aí obteve recentemente, sem contar efeito de ascensão de cargo, um aumento salarial de 25%? Indubitavelmente, a resposta para essa pergunta, salvo estreitas exceções, é um retumbante não. Mas é esse o percentual de aumento com o qual os consumidores de energia elétrica do Ceará terão de arcar a partir de sexta-feira (22).

O implacável reajuste de 25% — o maior em pelo menos uma década — nas contas de energia do Ceará, aprovado hoje pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), cai como uma bomba inflacionária, afetando tanto empresas como a população em geral. No caso dos clientes rurais, a alta é de impressionantes 32,7%.

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É uma mordida devastadora, sobretudo quando se considera o cenário econômico, ainda de lenta recuperação e de aumento de preços nos demais setores essenciais.

Sabe-se que o setor elétrico enfrentou, nos últimos anos, uma série de problemas, mas os consumidores, trabalhadores e empreendedores, em escala ainda maior, também sofreram uma enxurrada de óbices e terminam como um elo fragilizado nessa equação.

Convém lembrar que, no ano passado, a conta de energia já havia subido, em média, quase 9%. E mais: o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador de inflação do País, encerrou 2021 em 10,74%. Portanto, a alta nas contas da Enel no Ceará é mais que o dobro da inflação oficial.

Bandeira tarifária

Não se deixe enganar pela tese de que o fim da cobrança extra via bandeira tarifária de escassez hídrica vai equilibrar a conta. Diria o sábio que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

O reajuste anual, esse de 25%, independe do regime de bandeiras. Portanto, cogitemos o seguinte cenário: se a situação hídrica voltar a piorar no País, nada impede o retorno das bandeiras mais caras. Assim, nas faturas de energia, além do valor reajustado, ou seja, em média 25% maior, virá ainda o adicional das bandeiras. Um duplo baque que, cedo ou tarde, deve atingir o consumidor. Aliás, a Aneel também propôs, na semana passada, reajustar em até 57% (isso mesmo, 57%) as bandeiras.

Mesmo com a saída da tarifa extra em abril, de imediato, a conta dos cearenses vai subir em relação aos meses anteriores, uma vez que a pancada autorizada pela Aneel é superior em 5% ao impacto de redução da bandeira tarifária.

Economia prejudicada

O custo maior com energia prejudica de forma relevante os consumidores residenciais, cuja renda já vem sendo punida severamente pelos fortes aumentos nos preços dos alimentos e da gasolina; e deteriora ainda os caixas das empresas.

Em linhas gerais, uma majoração desta dimensão cria obstáculos íngremes para a economia e esmaga a já debilitada renda dos trabalhadores.

Reajustes (considerando revisões) da Enel Ceará nos últimos anos: 

  • 2013: 3,92%
  • 2014: 16,77%
  • 2015: 10,28% (extraordinária)
  • 2015: 11,69%
  • 2016: 12,97%
  • 2017: 0,15%
  • 2018: 4,96%
  • 2019: 8,29%
  • 2020: 3,94%
  • 2021: 8,95%
  • 2022: 24,88%


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