Um empreendedor cearense, filho de vendedores ambulantes, tornou-se um dos nomes mais proeminentes no mercado nacional das semijoias. Quem vê a rede de mais de 40 lojas e 6 mil revendedoras do Grupo Rhoma não imagina que esse império dourado começou com zero glamour e muito suor.
Henrique Lima se inspirou no trabalho da mãe, Maria Herbene Lima, que vendia roupas e bijuterias de porta em porta, na década de 1980, em Fortaleza, para sustentar a família ao lado do pai, Inácio Lima, que era vendedor de leite.
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Em várias ocasiões, a mãe, para não deixar o menino sozinho em casa, levava Henrique para acompanhá-la no ofício de sacoleira.
"Eu ficava sentado vendo minha mãe trabalhar e, muito cedo, percebi que havia os dias felizes e os dias frustrantes, mas o sorriso dela sempre estava lá. Isso foi fundamental para formar minha percepção sobre o trabalho", relembra.
Começou a auxiliar os pais na labuta aos 11 e, aos 17, decidiu se emancipar. A meta era prospectar marcas de joias banhadas a ouro em São Paulo para se tornar representante em Fortaleza.
Para gerar escala no negócio, na década de 1990, Henrique recrutou revendedoras e investiu na qualificação das profissionais, a fim de diferenciar a qualidade das vendas e do relacionamento com os clientes.
No início, eram 100 cadastradas. Hoje, são milhares, espalhadas por todo o País, evidenciando o impacto da venda direta na renda das famílias.
"Quando você está começando e tem ousadia, as pessoas costumam dizer que não vai dar certo. Na nossa primeira loja no Centro (de Fortaleza), eu falei que ia colocar um ar-condicionado, o que não era comum na época. E as pessoas diziam que ia ser um fracasso, que ninguém ia entrar, que ia gastar energia, etc. Acabou sendo um sucesso, porque tinha um conforto para as revendedoras. Quando eu disse que ia abrir uma loja na Aldeota, todo mundo disse que não ia dar certo. E deu".
Um divisor de águas na história do empreendedor foi um comercial exibido na TV Verdes Mares, na época protagonizado por Rodrigo Faro. "A gente explodiu depois disso. E nunca mais paramos de investir em publicidade. Fizemos campanha com Adriana Esteves, Fábio Assunção e muitos outros", conta.
Com a demanda crescente, o número de lojas se multiplicou rapidamente. A rede hoje soma 42 unidades no Ceará, em Pernambuco e Goiás e recentemente abriu a primeira voltada exclusivamente para o varejo, no Shopping RioMar Fortaleza, com a marca Roma Joias.
A meta do empresário é abrir mais 54 unidades ao longo dos próximos anos e chegar a todas as capitais brasileiras. A próxima inauguração será em Recife. A loja do Iguatemi, em Fortaleza, hoje sob a bandeira Rommanel, deverá ser convertida em breve.
O faturamento em 2023 foi de R$ 83 milhões. Para 2024, a projeção é atingir R$ 86 milhões e, no próximo ano, um marco simbólico dos R$ 100 milhões, que pode ser alcançado com a expansão física, sobretudo pelo Nordeste.
No ano passado, a empresa investiu R$ 15 milhões em uma fábrica em Limeira, São Paulo, com capacidade para 1 milhão de peças/mês. O objetivo é fazer uma transição para vender apenas produtos da marca própria, recém-criada, e deixar de comercializar marcas parceiras.
Apesar da escolha pelo interior de São Paulo para a unidade fabril, Henrique é um cearense orgulhoso e diz que jamais deixará a terra natal. "Eu nunca morei em São Paulo. Temos a indústria lá, mas não abro mão daqui de jeito nenhum. Meus boletos chegam aqui, minha casa é aqui e sempre vai ser", diz.
Segundo ele, a nova fábrica tem foco total na qualidade do produto. "Nossas joias têm 15 milésimos de ouro. A média do mercado é de 5 milésimos. E nós ainda conseguimos um preço 30% menor", detalha.
Henrique frisa que os principais concorrentes não são marcas do mesmo segmento e sim grandes empresas que também atuam com venda direta, como O Boticário, Natura e Mary Kay, que acabam disputando o tempo das revendedoras.