Formulado de maneira estabanada, à base da pressa típica das vésperas do ano eleitoral, o Auxílio Brasil inicia hoje (17) os pagamentos aos beneficiários, sob um mar de dúvidas e desinformação.
Principal cartada do Governo Bolsonaro para reconquistar popularidade nos grupos de menor renda, o substituto do Bolsa Família tem DNA eleitoreiro. O marketing em volta do nome escolhido tenta rimar com o sucesso do auxílio emergencial, programa de peso criado durante a pandemia para garantir a subsistência de dezenas de milhões de invisíveis com as restrições das atividades econômicas para conter o vírus.
Peso das eleições 2022
Outro componente na estratégia é a intenção de apagar a marca do Bolsa Família que, mesmo cinco anos após a saída do PT do poder, ainda preserva forte conexão com as gestões de Lula e Dilma.
No cenário antecipado pelas pesquisas, o duelo entre Bolsonaro e Lula em 2022 passará inevitavelmente pela percepção da população sobre a realidade econômica, questão na qual os programas sociais têm um peso relevante.
Como ferramenta de redução de desigualdades e distribuição de renda, o Auxílio Brasil é confuso e pouco agrega em relação ao antecessor, a não ser com as perspectivas de reajuste nos valores básicos.
Pior que a formatação sinuosa são as nuvens de incerteza que ainda pairam sobre o programa, tanto acerca de aspectos práticos (pagamentos futuros, valores, etc) quanto de seu financiamento.
Por todo o País, beneficiários do Bolsa Família peregrinam, aflitos, em busca de informações sobre o dinheiro que, em muitos casos, é tudo que recebem no mês.
Desinformação e situação fiscal
Essa insegurança resulta justamente da falta de transparência com que o processo de transição tem sido feito.
Sem falar no nó fiscal e político que o Governo Bolsonaro precisou desatar para viabilizar o novo programa, com direito a furo no teto de gastos e muito toma-lá-dá-cá no Congresso. Falta ainda o aval do Senado.
Mesmo que todos tais imbróglios sejam sanados, o Auxílio Brasil, ainda que em plena operação, será insuficiente para preencher o gigantesco vácuo deixado pelo fim do auxílio emergencial, que chegava a uma massa de trabalhadores muito maior.
Com a economia ainda muito fragilizada, o que será dos 30 milhões que ainda dependem do auxílio emergencial para se manter?
CALENDÁRIO DE PAGAMENTO DO AUXÍLIO BRASIL 2021
NOVEMBRO
- Final do NIS 1: 17/11
- Final do NIS 2: 18/11
- Final do NIS 3: 19/11
- Final do NIS 4: 22/11
- Final do NIS 5: 23/11
- Final do NIS 6: 24/11
- Final do NIS 7: 25/11
- Final do NIS 8: 26/11
- Final do NIS 9: 29/11
- Final do NIS 0: 30/11
DEZEMBRO
- Final do NIS 1: 10/12
- Final do NIS 2: 13/12
- Final do NIS 3: 14/12
- Final do NIS 4: 15/12
- Final do NIS 5: 16/12
- Final do NIS 6: 17/12
- Final do NIS 7: 20/12
- Final do NIS 8: 21/12
- Final do NIS 9: 22/12
- Final do NIS 0: 23/12