A Aeris Energy, fabricante de pás eólicas cuja indústria fica no Complexo do Pecém, em Caucaia, demitiu em torno de 1.500 funcionários nas últimas semanas, apurou esta Coluna com fontes familiarizadas com o assunto.
O corte em massa ocorre após a companhia, que possui capital aberto na Bolsa brasileira, ter anunciado, em março, o fim do contrato com a europeia Siemens Gamesa. Com o rompimento, a fábrica teve de enxugar sua operação no Pecém.
Os desligamentos ocorrem em um contexto desafiador do setor eólico no Brasil, com o excesso de energia no mercado, em especial por conta do crescimento da matriz solar, e a consequente redução de demanda por parques eólicos.
Em nota à Coluna, a empresa afirmou “buscar mais eficiência operacional” (leia nota na íntegra abaixo).
Nos bastidores do mercado financeiro, fala-se que a empresa, controlada pela família Negrão, está sondando possíveis interessados em comprar o negócio, como reportou o Pipeline em abril.
Desligamentos em massa
O número impactante de demissões remonta a outras dispensas coletivas ocorridas na indústria cearense recentemente. No setor têxtil, Guararapes e Paquetá cortaram milhares de funcionários em 2023. Parte desses postos de trabalho foram recuperados com a chegada de outras empresas, como a Arezzo.
Leia nota da empresa
"Em razão de um cenário desafiador em 2024, que inclui menor perspectiva para a instalação de novos parques eólicos, redução no número de contratos e no volume de vendas - e com a finalidade de buscar mais eficiência operacional, fizemos diversos ajustes em nossa estrutura no início deste ano, o que inclui também uma adequação em nosso quadro de colaboradores.
Agradecemos aos profissionais que encerraram suas atividades conosco pela dedicação e profissionalismo durante o tempo em que trabalharam em nossa empresa e asseguramos que todos os seus direitos trabalhistas foram garantidos.
Seguimos muito confiantes com o setor de energia eólica no longo prazo, dados os compromissos de descarbonização que estão sendo firmados no Brasil e no mundo. Apesar de 2024 representar um desafio no Brasil - com menor perspectiva para a instalação de novos parques eólicos, redução no número de contratos e no volume de vendas -, outras regiões têm boas perspectivas de crescimento. Inclusive acreditamos que o mercado externo deva atingir cerca de 40% da nossa receita até 2025, com boas oportunidades nas Américas, de maneira geral (Estados Unidos, Chile, México, Argentina).
Para este ano também estamos fortalecendo a Aeris Service, nossa divisão de serviços criada em 2013 para atender o mercado eólico com serviços de reparos, pinturas, limpeza, manutenções preventivas e corretivas, inspeções fotográficas, etc, que conta com uma unidade em Fortaleza e outra em Houston, no Texas. Crescendo a cada ano, esse projeto deve representar entre 7% e 10% da nossa receita em 2024 e queremos chegar até 20% nos próximos anos.
Outro anúncio relevante que fizemos neste ano foi a extensão do nosso contrato com a Vestas, que, sujeito a determinadas condições, inclusive à efetiva demanda por parte da Vestas, prevê um incremento no potencial de ordens de fornecimento de pás eólicas de múltiplos modelos em capacidade equivalente a 8,8 gigawatts (já considerando a repactuação de volumes contratados para 2024), o que, se materializado, poderá resultar em aumento líquido de receitas de até R$ 7,6 bilhões até o fim do prazo do contrato de fornecimento, em 2028".
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