Ainda sobre a necessidade de desacelerar

Legenda: Por viver no automático, numa correria sem saber por que está correndo e sem saber para onde, gera-se um estado de inquietação e de adoecimento “epidêmico”
Foto: Pexels

Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês (1925-2017), vivemos a modernidade líquida. Uma época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis como os líquidos. 

Segundo ele, tudo pode mudar a qualquer momento, por falta de estrutura de identidade das pessoas, dos relacionamentos, das instituições, dos produtos. Nada é feito para durar. 

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Nesse contexto de pouca durabilidade, tanto o material como o imaterial (a que vou me deter no texto) é frágil, não aguenta atrito e tende a logo desintegrar.  

A estrutura é débil por conta da superficialidade. Dedicamos pouco tempo ao aprofundamento e amadurecimento daquilo que é mais durável e verdadeiro.    

Por viver no automático, numa correria sem saber por que está correndo e sem saber para onde, gera-se um estado de inquietação e de adoecimento “epidêmico”. Não é à toa o crescente aumento dos transtornos de ansiedade, como de pânico, e de transtornos de humor, como a depressão. 

Por não se conhecer, o indivíduo acaba buscando compensações para as insatisfações. Regidos por uma consciência infantil, sem saber o que está acontecendo em seu interior, come a mais, bebe álcool a mais, compra a mais, consome a mais etc. E por não suprir o que realmente falta, tende a perpetuar o vazio que angustia e desvitaliza. E continua a correr... 

De um lado, vemos a mídia estimulando o consumo. De outro, na contracorrente, cresce uma cultura focada na qualidade de vida, em valores e princípios consistentes, na longevidade saudável. 

O neuromarkenting aponta que 85% das nossas escolhas de compras são inconscientes. Dessa forma, a neurociência, a serviço do sistema, estuda as nossas fragilidades internas para desenvolver gatilhos nas campanhas de publicidade, que nos levem a consumir compulsivamente, independente se estamos necessitando ou não. E muito disso acontece por conta do automatismo que vivemos. Paramos muito pouco para pensar, refletir, escolher conscientemente. 

Temos nos habituados a consumir, e descartar rápido, produtos, serviços e, infelizmente, relacionamentos(pessoas). Você tem cuidado de si e dos seus relacionamentos? 

Como os índices de adoecimento têm aumentado muito, cresce o interesse em descobrir quais as causas. Os estudos apontam a baixa qualidade de vida (QV) como maior fonte geradora das doenças e dos conflitos.

QV inclui alimentação, higiene, sono, atividade física, relacionamento social, lazer, trabalho e nível de estresse. Se nos alimentamos mal, quer seja a qualidade do alimento quer seja a rapidez com que se come; se não mantemos bons hábitos de higiene; se dormimos no horário inadequado ou por pouco tempo; se não fazemos atividades físicas regulares; se não mantemos relacionamentos sociais saudáveis; se não dedicamos tempo ao lazer saudável; se nos dedicamos exaustivamente ao trabalho, ou mesmo vivemos um ambiente hostil no trabalho; se levamos uma vida continuamente estressora, inexoravelmente adoeceremos...  

Todos esses aspectos precisam ser observados para conquistar uma vida mais saudável e autônoma. Quanto mais descuido de si mesmo, mais vulnerável e passível de ser conduzido por outrem. 

Cultive momentos de pausas rotineiras para refletir sobre o seu dia a dia, sua qualidade de vida, sobre suas escolhas, sobre como tem usado seu tempo. 

Vez por outra, faça duas perguntas a si mesmo: Quem é a pessoa que você quer ser? O que você precisa fazer para tornar-se essa pessoa?  

Não postergue! Faça hoje mesmo! 

Paz e bem! 

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.