Estava eu numa live com o Antonio de Pádua, da Delantero Comunicação. Ele falou sobre a reabilitação da Seleção Brasileira tetracampeã do mundo em 1994, na Copa dos EUA. Hoje, os críticos reavaliam aquele grupo. E descobrem que até jogadores bastante criticados na época tinham seu valor. Estive naquela Copa. Narrei o 1º tempo do jogo e o 2º tempo da prorrogação. Sempre considerei injustiçada aquela equipe. Mais injustiçados Dunga e Mauro Silva, que, a meu juízo, cumpriram muito bem suas funções. O ser humano é assim: ora endeusa demais, ora demoniza demais. Está na hora também de uma revisão nos comentários que colocaram nos céus a Seleção Brasileira de 1982, na Copa da Espanha. Era um ótimo time, mas jamais uma das melhores de todos os tempos como exagerados cronistas teimam em dizer. Esse assunto comporta um pouco mais de cuidado porque para muitos aquela Seleção estaria no patamar da de 1970, que foi tri no México. Da mesma forma, o endeusamento de Telê Santana merece também revisão. Em duas Copas, com material humano muito bom, fracassou. Se fosse o Dunga, meu Deus...
Sete gols
Hoje, o Brasil pouco cita Jairzinho, o Furação da Copa de 1970, no México. Ele fez gols em todas as partidas. Marcou sete em seis jogos. Ele, há algum tempo, não disfarçava sua insatisfação pela forma com que seu feito inédito era pouco lembrado pela crônica e pelo público. Até hoje ninguém o superou.
Escritor
Vi na televisão uma matéria com Jocelyn Brasil. Se Jairzinho se queixa de ser pouco lembrado, mesmo tendo feito tantos gols na Copa de 1970, imaginem o que devem dizer os familiares do querido cearense Jocelyn Brasil, escritor nascido em Sobral, em 1908. Morreu em Fortaleza, em 1999. Foi coronel-aviador da Força Aérea Brasileira. Deixou a FAB em 1952. Era comunista.
Problemas
Exatamente por ser comunista, teve problemas na época do regime militar. Passou a escrever sobre futebol, usando o pseudônimo de Pedro Zamora. Estive no lançamento do livro de sua autoria, "Você acha que entende de futebol? Eu também". Jocelyn era fora de série. Outro livro de sua autoria que alcançou êxito foi "Assim Falou Neném Prancha".
O Brasil tem sentido a lacuna de grandes escritores que falaram sobre o nosso futebol. Nelson Rodrigues nos deixou "À Sobra das Chuteiras Imortais". Ele escrevia "Meu Personagem da Semana", na Revista Manchete. Notável seu texto sobre a conquista brasileira na Copa da Suécia.
Depois da morte do comentarista e escritor Armando Nogueira, não vi ninguém capaz de traduzir com extremo sentimento e criatividade as coisas do futebol. Como fazem falta Nelson, Armando e Jocelyn.