Segundo os historiadores, o gol de bicicleta foi inventado em 1914 pelo jogador espanhol, naturalizado chileno, Ramón Unzaga. Mas foi o atacante brasileiro Leônidas da Silva quem o popularizou. Leônidas, com oito gols, foi artilheiro da Copa do Mundo de 1938 na França, tendo também sido eleito pela crônica internacional como melhor jogador da competição. Após encerrar a carreira, ele foi comentarista esportivo. O primeiro gol de bicicleta marcado por Leônidas da Silva aconteceu em 1932, quando ele jogava pelo Bonsucesso diante do Carioca. Vitória do Bonsucesso por 5 a 2.
Seu segundo gol de bicicleta foi em 1939, quando ele atuava pelo Flamengo diante do Independiente da Argentina. Quando atuava pelo São Paulo, Leônidas assinalou dois gols de bicicleta: um em 1942 diante do Palestra Itália e o outro em 1948 diante do Juventus-SP. Leônidas da Silva morreu na cidade de Cotia, São Paulo, no dia 24 de janeiro de 2004. Ontem, no Estádio Morenão, na cidade de Iguatu, na primeira partida válida pela semifinal cearense, o atacante Léo Reis assinalou, de bicicleta, o golaço do empate (1 x 1). Ele estava deitado, quando a executou. Nunca vi algo igual.
Dentro do modelo clássico do gol de bicicleta, já consolidado no futebol, o golaço de Léo Reis pode ser considerado de bicicleta ou foi uma variante criada por ele em um raro momento de esperteza e inspiração? Pelo sim, pelo não, entra para a história como um dos gols mais bonitos de todos os tempos na história do futebol cearense.
O clássico gol de bicicleta difere do gol marcado por Léo Reis. No estilo clássico, o atleta, de costas para o gol, sai do chão. Aí, como se estivesse deitado no ar, calcula o tempo e a velocidade da bola. Então, no momento preciso, executa a pedalada que culmina com o gol. Pelé marcou cinco gols de bicicleta em sua carreira. Um dos mais bonitos foi pelo Cosmos-NY em 1976.
Dia 31 de março de 2002, o ex-atacante do Ceará, Sérgio Alves, assinalou um dos mais perfeitos gols de bicicleta de todos os tempos. No jogo Bahia 3 x 2 Fortaleza, na Fonte Nova, pela Copa do Nordeste, Sérgio recebeu um cruzamento da direita e executou a manobra com perfeição. De tão bonito, esse lance foi a abertura do programa a Grande Jogada durante bom tempo.
O golaço de Léo Reis foi incrível. Ele estava quase deitado no chão, de costas para o gol do Ceará e cercado por vários jogadores alvinegros. Teve a habilidade de dar um toque para a bola subir e possibilitar a conclusão. Entendo ser um novo modelo de bicicleta que ele criou na hora. Só posso dizer que a jogada foi genial pela rapidez, esperteza e habilidade de Léo. Uma manhã de Reis. Show.
Uma das mais belas bicicletas que vi ao vivo foi a executada pelo saudoso ídolo Mozart Gomes (Mozartzinho). Jogo América x Náutico-PE pela Taça Brasil de 1967 no PV. Bicicleta perfeita, mas a bola bateu na trave. Não foi gol. A bicicleta, porém, clássica, genial. Lance contado no livro “Mozart: Uma Trajetória Inquieta no Futebol”, biografia escrita por Saraiva Junior.
Morreu o cronista esportivo Jader Moraes, com quem tive a felicidade de trabalhar na Rádio Verdes Mares. Jader conhecia muito os bastidores do futebol. Na FCF, cresceu profissionalmente, tendo o devido reconhecimento, máxime por parte de Mauro Carmélio. Deixa um legado profissional, alicerçado no respeito, na decência e na verdade. Deus o acolha na Mansão Celeste. Resta a saudade.