O Campeonato Cearense de 2024 terá apenas dois times do interior: Iguatu e Barbalha. A pergunta é: o que aconteceu para tamanha redução? A grave redução da receita. A bilheteria é mínima e as cotas inconsistentes. Não deu para prosperar. Na época em que o saudoso Fares Lopes era presidente da FCF, ele olhava com muito carinho a ideia de ter o maior número possível de equipes do interior disputando o certame estadual. Hoje, porém, em vista de um calendário restrito, não há como expandir a competição, visando a abrigar um número maior de municípios. Atualmente, o Campeonato Cearense é uma competição tiro curto.
Não há, pois, como ampliar o número de participantes. Já passaram pela primeira divisão, ou seja, a Série A estadual, Quixadá, Limoeiro do Norte, Russas, Boa Viagem, Uruburetama, Trairi, Itapajé, Itapipoca, São Benedito, Crato, Crateús, Guarany de Sobral, Guarani de Juazeiro e Icasa também de Juazeiro. Havia uma efervescência maior. O declínio preocupa porque afastou municípios tradicionais como Sobral e Juazeiro do Norte, cujos representantes chegaram a disputar as finais em algumas oportunidades. É lamentável que a ideia da interiorização não tenha dado certo.
Enquanto Juazeiro do Norte ganhou um novo e moderno Estádio Romeirão, os times da cidade estão fora da elite estadual. Um descompasso entre o cenário dos jogos e o produto oferecido. O cenário de Série A, o futebol de segunda divisão. O Guarani de Juazeiro disputou uma final do certame cearense. O Icasa disputou cinco. O Juazeiro disputou uma. Hoje estão fora da Série A.
O Icasa viveu o auge em 2013. Por muito pouco não subiu para a Série A do Campeonato Brasileiro. Terminou a Série B em quinto lugar. Deixou fugir a grande chance de subir, quando foi derrotado em casa pela Chapecoense (1 x 2). Mas fez bonito. Conseguiu vitórias sobre o Palmeiras e o Ceará. Hoje, nem da elite cearense o Icasa participa.
O futebol do interior já teve a oportunidade de decidir o Campeonato Cearense em oito oportunidades. Icasa (1993, 1995, 2005, 2007 e 2008), Guarani de Juazeiro (2011), Guarany de Sobral (2013) e Juazeiro (1999). Perdeu todas, mas os dirigentes dos times do interior tinham razão em uma coisa: todas as decisões foram na capital. Eles ficavam sempre em desvantagem.
Hoje, são mínimas as possibilidades de um time do interior chegar à uma final do Campeonato Cearense. A diferença de forças é muito grande, tanto nas reservas financeiras quanto nas estruturas. Assim, somente mediante uma surpresa descomunal, será possível um time do interior superar os chamados grandes do futebol cearense.
O projeto de interiorização não vingou. As limitações na captação de recursos não permitiram a formação de boas equipes. Assim, até mesmo os times tradicionais como Icasa, Guarani de Juazeiro e Guarany de Sobral sucumbiram diante da nova realidade e dos novos desafios. Fazer futebol no interior é sacerdócio. É preciso muito amor à causa.