As surpresas nas grandes decisões

Leia a coluna desta terça-feira (2)

Legenda: Ceará e Fortaleza chegam com igualdade de condições para final de sábado, após empataram em 0 a 0
Foto: THIAGO GADELHA / SVM

O bom do futebol é a imprevisibilidade. Por mais que um time esteja melhor, não há como garantir vitórias ou títulos. Quando a disputa envolve dois gigantes, a imprevisibilidade se torna maior ainda. Embora os gigantes estejam em patamares diferentes, na hora da verdade é que se define quem é quem na disputa. Em 1974, o Ceará estava com o título praticamente assegurado. O Fortaleza, para ser campeão, teria de ganhar três jogos consecutivos. Missão muito difícil. Mas o Fortaleza conseguiu a proeza de ganhar os três jogos, sagrando-se campeão.

Em 2006, o Fortaleza estava na Série A do Campeonato Brasileiro. Portanto, na elite nacional. O Ceará estava na Série B. O Leão montou um time muito forte, que tinha Maizena, Mazinho Lima, Dude, Galeano, Rinaldo e Finazzi. O Ceará teria de ganhar um jogo e empatar o outro. A missão era difícil, pois todos consideravam o elenco do Fortaleza muito melhor. No primeiro jogo, o Ceará ganhou por 1 a 0, gol de Juninho. No segundo jogo, o Ceará voltou a vencer, 1 x 0, gol de Vinícius. Sagrou-se campeão para a surpresa geral. No Ceará estavam Adilson, Arlindo Maracanã, Leanderson, Reinaldo Aleluia e Vinícius. É assim a eterna imprevisibilidade... 

 

Opiniões 

 

No começo do ano, quando o Campeonato Cearense largou em janeiro, a situação dos dois maiores rivais era bem diferente da situação de hoje. O Fortaleza, que manteve o excelente grupo, mostrava-se em condições de, sem atropelos, ganhar o hexa. Afinal, o Ceará estava em formação. O Fortaleza já estava formado. 

 

Atualmente 

 

Agora, a situação já não é a mesma do começo do ano. O Fortaleza experimentou significativa queda de rendimento. O Ceará processou alguns ajustes e subiu de produção. Houve três jogos entre os dois rivais: empate (3 x 3), vitória do Ceará (1 x 0) e outro empate (0 x 0). Em três partidas (válidas por competições diferentes), o Fortaleza não conseguiu ganhar nenhuma. 

 

Oscilações 

 

É muito comum acontecer uma variação no transcorrer das competições. O incomum é a oscilação acontecer nos primeiros meses do ano. O normal é o desgaste ser sentido nos meses finais do ano, quando os jogadores sentem a estafa. No Fortaleza, o que surpreende, é o time cair de produção com apenas três meses de disputa. 

 

Sem explicação 

 

Tenho notado a dificuldade geral para definir o que há com o Leão. Mas isso não é motivo para desespero. O Fortaleza também costuma reagir de forma extraordinária e sem explicação. Lembram-se da Série A de 2022. O Leão estava na zona de rebaixamento na primeira fase toda. Reagiu. E ganhou até uma vaga na Libertadores. Não duvidem do que o Fortaleza é capaz. 

 

Conclusão 

 

Hoje, não há favorito nesta decisão do Campeonato Cearense. Ainda considero o elenco do Fortaleza com melhores opções e alternativas. Mas o Ceará já se revelou capaz de neutralizar o que o Leão possa ter de melhor. Equilibrou. A imprevisibilidade volta a predominar. A graça do futebol está exatamente nisso.