A rodada inicial do Campeonato Cearense deu muito pano para as mangas. Dois resultados, então, levaram os mais exigentes a conclusões nada agradáveis. A bela e convincente vitória (1 x 3) do Floresta sobre o Ferroviário gerou um clima tão desfavorável na Barra do Ceará que não houve como sustentar o treinador Matheus Costa. Ao resultado somou-se a eliminação coral na pré-Copa do Nordeste. Pronto: a diretoria entendeu que teria de mudar. Mudou.
O outro resultado que gerou polêmica foi o empate do Ceará. Ouvi coisas absurdas, ditas pelos imediatistas que queriam ver um Ceará perfeito e ajustado em suas linhas, como se a equipe já viesse de uma pré-temporada. Ora, pouco tempo houve para a distribuição dos cartões de visita. Não é assim, da noite para o dia, que se monta um time de futebol. Jugar o Ceará, tendo por base uma única apresentação, é pressão dos insensatos. Há necessidade de mais algumas partidas para se ter um juízo consistente sobre os novos jogadores do clube. Será pura deslealdade queimar algum atleta em início de temporada. O melhor que a torcida faz é cultivar a paciência nos primeiros jogos.
O Fortaleza, que há alguns anos vem mantendo o mesmo grupo, pode se dar ao luxo de mostrar harmonia. O Tricolor de Aço é uma exceção. Houve apenas a interrupção das férias, mas a filosofia de trabalho foi mantida, a partir mesmo da manutenção do técnico Juan Pablo Vojvoda. O Fortaleza não parece estar em início de trabalho, mas numa sequência. É diferente.
É importante ver o Floresta e o Maracanã mostrando consistência diante de dois dos chamados grandes. O equilíbrio gera maior interesse do público. Diversificar é preciso. O mesmismo torna-se insuportável porque não permite a renovação de resultados e de conquistas. O Campeonato Cearense tende a crescer na medida em que os times menores se aperfeiçoam.
Quem pegou o adversário mais difícil na rodada inicial foi o Horizonte. Teve de enfrentar um time da Série A nacional e vice-campeão da segunda mais importante competição das Américas. O técnico do Horizonte, Filinto Holanda, adotou a postura correta, ou seja, respeitou a superioridade do adversário. Cuidou de jogar fechado. Levou azar ao sofrer um gol contra. Bote azar nisso.
O Horizonte, diante do Fortaleza, pecou pela dificuldade ao tentar organizar os contra-ataques. Não conseguiu fazer a transição. A proposta do treinador Filinto Holanda foi correta, mas a execução foi falha. Já o Maracanã, diante do Ceará, foi um pouco melhor na transição. O técnico Júnior Cearense poderia até ter sido um pouco mais ousado. Não quis arriscar.
Será precipitação tentar formar um juízo sobre os participantes após apenas uma rodada. E possível se ter uma ideia inicial. Tudo bem. Mas quero acreditar que somente será possível uma avaliação mais segura depois de no mínimo três rodadas. Antes disso, ficam apenas impressões tênues, passíveis de enganos. É melhor esperar um pouco mais.