Após alguns seguidos insucessos, é natural a reação negativa da torcida, já acostumada a tantas e tantas vitórias e conquistas. De repente, vaias. De repente protesto. Isso faz parte. Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza, sentiu o drama. Veio a público e falou duro. Na sua opinião, todos estão contra o Fortaleza. Às vezes, por falta de um grito se perde uma boiada. A meu juízo, a situação no Pici é plenamente contornável. O Fortaleza tem um elenco de elevada qualificação profissional. Um treinador muito competente. Tem tudo, portanto, para dar a volta por cima. Lembro que o Fortaleza já passou por momentos muito mais delicados.
Em 2022, por exemplo, esteve todo o primeiro turno na zona de rebaixamento da Série A. Mas, num poder de reação inacreditável, fez do segundo turno o trampolim para grandes vitórias. Resultado: garantiu vaga até na Copa Libertadores da América. Time capaz de uma reação assim sempre será capaz de reações maiores ainda. Então, os protestos são válidos como advertência. Uma espécie de alerta geral dado pela torcida. Realmente o time perdeu o ímpeto. Perdeu a forma intensiva de atuar. Gerou preocupações. Mas, calma, gente! A superação tricolor faz parte da história.
Diante da pressão, resta saber como o Fortaleza reagirá. Hoje, em São Luís, enfrentará o Maranhão, que está na briga pela classificação para a próxima fase da Copa do Nordeste. Oportunidade para o tricolor empreender a retomada que a torcida espera. Afinal, uma vitória hoje, além de consolidar a classificação tricolor, elevará a autoestima do grupo para enfrentar o Ceará no próximo sábado.
A queda de produção, que o Fortaleza apresenta agora, é muito comum no futebol. Todas as grandes equipes, em certos momentos, passam por situações assim. O estranho, no caso tricolor, é tal oscilação acontecer no terceiro mês do ano. Geralmente as oscilações acontecem no segundo semestre, já pelos desgastes físicos dos atletas.
O Ceará vem obtendo seguidos resultados positivos. Se ganhar do Itabaiana hoje, além de também consolidar a sua passagem para a fase seguinte da Copa do Nordeste, reforçará a sua autoconfiança para enfrentar o Fortaleza nos dois jogos decisivos do Campeonato Cearense. O que antes parecia utopia, agora é um pleito plenamente viável.
Já vi muitas atitudes racistas nos estádios de futebol. Algumas ostensivas, outras veladas. Jamais vi, porém, manifestações tão graves quanto as que vêm acontecendo contra o atacante brasileiro Vini Jr. Um absurdo. Um rapaz simples, que venceu na vida pelo extraordinário talento, agora vítima da maldade de gente que se julga superior por ser branca. Que falta de respeito!
Ontem, no Estádio Santiago Bernabéu em Madrid, a solidariedade a Vini Jr aconteceu. Foi um alento. Mas as autoridades devem ser fortes e incisivas no combate aos racistas. Não se trata apenas de defender o brasileiro Vini Jr, mas defender todos os negros que sofrem todo tipo de discriminação e agressão pelos estádios do mundo.