No próximo sábado, dia 13, haverá a tão esperada decisão do Campeonato Cearense. Uma decisão como jamais aconteceu na história do nosso futebol. Até hoje, nenhum clube daqui conseguiu conquistar por seis vezes consecutivas o título de campeão estadual. Será, portanto, uma façanha inédita. Já, no futebol nordestino, há o registro de um título de decacampeão conquistado pelo ABC de Natal (1932, 1933, 1934,1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941). Há o de um heptacampeonato do Moto Clube do Maranhão (1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950). Também há um de heptacampeão do River de Teresina (1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956).
Há o registro de um título de hexacampeão do Náutico de Recife (1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968) e há também um outro de hexacampeão conquistado pelo Bahia (1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1979). Observem que é uma raridade conquistas desta natureza. Impressiona a contagem do tempo. O Fortaleza, se não conseguir seu objetivo agora, terá de esperar sete anos para ter outra oportunidade assim. Eis, portanto, mais um motivo para tornar o clássico-rei, de domingo próximo, diferente de tudo o que já se viu.
Vejo o entusiasmo dos dirigentes diante do anúncio de que haverá um pouco mais de 50 mil pessoas no clássico decisivo do próximo sábado. Não vejo nenhuma graça nisso. Pelo contrário, considero um público pequeno diante do que já vi antes da reforma do Castelão. Reduziram demais a capacidade dessa praça esportiva. Não gostei.
O Castelão, antes da reforma, tinha capacidade para 120 mil torcedores. O público recorde no futebol foi de 118.496 torcedores, jogo amistoso Brasil 1 x 0 Uruguai, no dia 27 de agosto de 1980. Quando da visita do Papa João Paulo II em 1980, recebeu um público de 120 mil pessoas. Como é que agora eu posso entender como grande público um pouco mais de 50 mil torcedores?
O correto, com a reforma, teria sido deixar o Castelão pelo menos com capacidade para 80 mil pessoas. Seria o ideal. Apequenaram demais o Castelão. Esse tal de modelo FIFA impôs determinadas situações que transformaram em “ginásios” os maiores estádios do país. Basta ver o que fizeram com o Maracanã, que um dia já foi o maior estádio do mundo.
A propósito das reformas feitas nos grandes estádios brasileiros, reformas que reduziram demais a capacidade de público, cito o belo artigo intitulado “Dois Velhos Amigos e uma Carta” (não consta o nome do autor), que representa um recado do Estádio Centenário de Montevidéu ao Estádio do Maracanã. É uma crítica feita com muita sensibilidade. Está na Internet. Vale a pena ler o artigo.
Em um trecho do artigo está posto: “Não se contentaram em mudar sua aparência externa; mexeram por dentro, no âmago, no que te faz distinto de todos os demais – e te tornaram igual a tantos outros. O que fizeram contigo foi o que de pior pode acontecer a um estádio: tomaram sua alma. Alma, meu caro amigo, é o que distingue poucos de nós em meio aos milhares de estádios que há por aí”.