O Parque Dom Aloísio Lorscheider, no bairro Itaperi, foi erguido onde antes se localizava o Instituto Penal Professor Olavo Oliveira I (IPPOO I), que já foi o maior presídio do Estado, desativado em 2013
O religioso dom Aloísio Lorscheider foi um defensor dos direitos humanos que teve seu nome relacionado à luta pelos direitos das pessoas presas, contra a tortura durante o regime militar, a favor da reforma agrária e do fim dos conflitos de terra. Gaúcho, ele foi arcebispo de Fortaleza de 1973 a 1995. Foi no Ceará que ele, ao inspecionar um presídio, foi feito refém por um grupo de presos em um episódio até hoje comentado por quem já trabalhou no sistema prisional. Quinze dias após o ocorrido, o religioso estava de volta ao presídio, pronto para realizar um lava-pés entre os internos.
Dom Aloísio é um religioso cuja luta a favor dos mais pobres e injustiçados reverberou em todo o País. Sua história se mistura à sua luta. Tanto que após morrer ganhou diversas homenagens com os prédios públicos que eram erguidos. Na última semana, uma dessas homenagens ocorreu em espaço bem simbólico. O nome de dom Aloísio Lorscheider foi dado a um parque que substituiu uma unidade prisional.
O Parque Dom Aloísio Lorscheider, no bairro Itaperi, foi erguido onde antes se localizava o Instituto Penal Professor Olavo Oliveira I (IPPOO I), que já foi o maior presídio do Estado, desativado em 2013. É uma obra do governador Camilo Santana, homem extremamente sensível e atento à temática dos direitos humanos. As muralhas agora dão espaço ao esporte, lazer e inclusão. O concreto sai de cena, dando passagem à esperança de uma sociedade mais justa. O parque conta com uma área de 27 mil km² onde estão reunidas areninha, brinquedopraça, academia ao ar livre, rampa de skate, quadras poliesportivas, incluindo quadra de areia para prática de esportes como beach tennis, além de anfiteatro, quiosques e biblioteca.
É certo que o encarceramento é ainda o único meio de punir quem cometeu graves crimes. Mas penso que bom seria se tivéssemos alternativas viáveis. Hoje, acredito que a educação e a garantia a opções de esporte e lazer são caminhos fundamentais para a liberdade. O aprisionamento é, sem dúvida, um espaço que reforça a violência. Estamos ali cerceando direitos e liberdade a uma pessoa. Para impedir que isso aconteça, precisamos investir na infância, sobretudo, com educação. Mas também com espaços que façam acreditar que um futuro diferente é possível. Que sob as bênçãos de dom Aloísio Lorscheider, o parque consiga dar àquelas crianças do entorno a possibilidade de sonhar.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.