A importância dos projetos sociais para o desempenho olímpico

Legenda: Herbert Conceição, por exemplo, é um jovem negro da periferia de Salvador descoberto no projeto Academia Champion
Foto: AFP

Nordeste, 2021. 101 anos de participação olímpica do Brasil. Quatro medalhas de ouro. Duas medalhas de prata. Com uma participação histórica, o Nordeste se despediu das Olimpíadas deste ano com a autoestima lá em cima e o peito cheio de orgulho.

Ocupamos o pódio seis vezes, um resultado que a região nunca teve em toda a trajetória do País na competição. O número de medalhas de ouro para os atletas individuais nordestinos foi maior que o acumulado da região em todas as Olimpíadas anteriores.

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Dos sete ouros conquistados pelo Brasil, foram quatro nordestinos. O potiguar Ítalo Ferreira, no surfe; e os baianos Ana Marcela Cunha (maratona aquática), Isaias Queiroz (canoagem) e Herbert Conceição (boxe). Além desses, duas pratas emocionantes: da jovem maranhense Rayssa Leal (skate) com seus encantadores 13 anos; e da também baiana Bia Ferreira (boxe). 

Muitos desses atletas têm suas trajetórias marcadas pela passagem pelo projeto social. Herbert Conceição, por exemplo, é um jovem negro da periferia de Salvador descoberto no projeto Academia Champion.

Isaías, que já figura no ranking histórico de medalhistas brasileiros, também começou na canoagem somente após entrar em um projeto social, aos 11 anos de idade.

Os resultados nos apontam duas questões: a primeira é o enfrentamento ao preconceito contra a região, a segunda trata da importância dos projetos sociais para mostrar a potência dos nordestinos e do esporte. Com muito talento nas diversas modalidades olímpicas, nós mostramos que, com investimento, os resultados vêm. Temos muito a crescer e compartilhar com o País inteiro. 

Esse crescimento é muito em parte a melhor qualidade dos projetos sociais que descobrem talentos e lapidam essas meninas e meninos, com técnica e tática. Essa melhor qualidade, por sua vez, está diretamente relacionada a políticas públicas que investem no esporte educacional. O esporte valoriza, socializa, mostra novos caminhos, tira crianças e jovens da rua, mostrando a eles que eles são bons em algo, que eles são capazes de muito.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.