Céu, tão grande é o céu e bandos de nuvens que passam ligeiras. Pra onde elas vão, ah, eu não sei... não sei. Ah, Dindi, se soubesses como Maria Antônia fará falta… A música contemporânea cearense não será a mesma sem ela, Dindi, sem sua voz, sem sua alegria, seu corpo desobediente, seu corpo camaleão.
Dindi, ela era uma artista impactante - cantora, atriz e performer. Viveu bonito, reluzente. Nasceu na periferia de Fortaleza e fez tudo o que disseram que ela não poderia fazer, foi tudo o que disseram que ela não poderia ser, Dindi, uma ovelha desgarrada.
Da Vila Velha pro mundo, seu canto a levou longe: do teatro musical ao cinema, em Fortaleza, São Paulo ou Nova York.
Ai, Dindi, ela era tão jovem. Nós tínhamos tanto para ver de seu talento, de seu carisma, de sua voz, de suas composições. Ela cantava que nem um sabiá, Dindi, e cantava tudo o que tocava o coração. Quem a via em cima de um palco, ficava hipnotizado com a forma como envolvia as pessoas, chamava atenção e era muito querida por todos os amigos artistas.
Talvez, Dindi, você deva estar se perguntando o porquê de dedicar esta coluna a alguém que eu tinha tão pouco contato. É que quando alguém como ela parte assim, tão subitamente, a gente acaba se perdendo entre os pensamentos sobre a brevidade da vida, sobre como ela se esvai rápido, sobre como é importante viver em plenitude.
Ai, Dindi, a cultura cearense perdeu tanto. Maria não era uma promessa do que viria na música, ela já era a realidade. Quando um de nós se vai, a gente sente mesmo. É que o mundo fica um tanto mais triste, mais pobre, mais cinza, mais oco, sem som. Deixa, Dindi, que eu a adore, Dindi.
E as águas desse rio, onde vão, eu não sei… Só sei que deixo meu abraço a todas, todes e todos que também estão sentindo sua partida.
Maria seguirá fazendo história porque, sem dúvidas, se mantém viva em cada artista que cruzou seu caminho. Agora, Dindi, fique com o canto de Maria Antônia
* Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor