O nome diferentão, meio rockstar, meio amante do brega, parece cair como uma luva. Rodger Rogério é mesmo um nome único. Não só pela pompa da letra D no meio ou pelo composto de erres, mas por se tratar de uma estrela da música que nos privilegia há tantos anos com letras e canções que mais parecem declarações de amor, uma ode ao Ceará, ao Nordeste, à arte e à cultura.
Prestes a completar 80 anos no próximo dia 28 de janeiro, Rodger vai aproveitar o dia para celebrar o aniversário com show no Cineteatro São Luiz. E é a gente quem vai ganhar o presente. Especialmente porque esse show vem repleto de novidades e marca o lançamento de um disco inédito do artista, com canções de seu irmão Rogério Franco e Alan Mendonça.
Quem conhece Rodger, não esquece. É uma figura cativante, simpática, afetuosa, com quem tive a honra de dividir o set de filmagem de Bacurau. Gosta da troca, da palavra, um entusiasta dos bons encontros. Não seria ele se não reunisse no palco sua família, seus amigos e artistas que acredita, como o músico Gustavo Portela.
É nesse show que Rodger vai apresentar pela primeira vez uma das três canções que compôs junto a Belchior, no início dos anos 1970, e que nunca foram gravadas, segundo o jornalista Jotabê Medeiros. "Proposta" é o nome da canção com 52 anos de maturação e, confesso, depois que li a letra, não vejo a hora de ouvi-la. São frases simples, com o peso de uma tonelada, um convite para o viver, ainda que seja perigoso, uma proposta para a vida, porque ela vale o risco.
Essa é a nossa proposta
Tome a sua decisão
Com seus olhos e ouvidos
E a sua imaginação
Viver é um grande perigo
Perigosa profissão
Mas nunca falta motivo
Nunca falta ocasião
Para renovar o mundo
Para renovar o mundo
Ciência, arte e razão
Sentiu? Eu também.
Fico pensando como deve ser chegar aos 80 anos renovando o mundo com um jeito tão significativo, tão impactante. Oito décadas de ciência, arte e razão. Será que chego aos 80 assim? Não sei, só sei que quero seguir aprendendo a viver perigosamente, quero ser mais Rodger Rogério.
Viva RR, sua obra, seu violão e seu sorriso de menino!
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor