Há um movimento efervescente de apreço pela literatura cearense que há tempos eu não via. Os livros, além das estantes, ganharam os formatos digitais e a internet parece ter se tornado uma aliada. Além de mais espaço nas redes sociais, diversas obras da nossa literatura ganharão também as telonas dos cinemas.
O primeiro que li dessa safra de autores contemporâneos foi "A palavra que resta", de Stênio Gardel, romance que me apaixonei perdidamente. O livro venceu o National Book Award, um dos maiores prêmios da literatura norte-americana. Lembro que, enquanto lia, comentei com uma amiga que essa obra deveria virar filme ou espetáculo de teatro.
No dia seguinte, recebi com alegria a notícia de que isso, de fato, aconteceria. A obra audiovisual ficará por conta da Pródigo Filmes e terá direção de Fernando Nogari, com roteiro de Armando Praça. Em breve, conheceremos no cinema a história de Raimundo, um homem de 71 anos, analfabeto, que é motivado a aprender a ler para conseguir decifrar uma carta, escrita há mais de 50 anos, por Cícero, seu grande amor.
Outro livro que também ganhará o cinema é "A cabeça do santo", de Socorro Acioli. Essa talvez seja a obra cearense que mais vejo ganhar os corações das pessoas e crédito isso ao fato de Socorro nos revelar um realismo fantástico tão brasileiro, tão cearense, que tinha mesmo que ganhar uma versão cinematográfica.
O livro parece um roteiro de filme. É até difícil de acreditar que parte dessa história é real e que no interior do Ceará há mesmo uma cabeça da estátua de Santo Antônio “caída”. Mal posso esperar pra ver Samuel, personagem principal da obra que passa a morar dentro da cabeça do santo, ganhar um rosto no imaginário de tanta gente, sob o olhar da cineasta Joana Guttman.
Por último e não menos importante, o romance "A filha primitiva", de Vanessa Passos também deve se tornar filme. O livro é um sucesso, best-seller da Amazon, vencedor do Prêmio Kindle de Literatura e, como filme, também terá roteiro da autora, e direção de Susanna Lira.
A obra conta a história de três gerações de mulheres - avó, mãe e filha - “unidas pela dor e pelo abandono, separadas pela fé, pelo ceticismo e pelos segredos que guardam”. Vanessa se debruça sobre essa linhagem de mulheres fortalezenses de forma crua, sem sentimentalismo, escancarando outro lado difícil da maternidade.
São tempos dourados para a literatura cearense. Que o nosso cinema faça jus! Estou na torcida.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor