O baixo desempenho do mercado em 2022 deverá trazer uma redução gradual do preço para os veículos seminovos e usados no Ceará. Segundo Everton Fernandes, presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado (Sindivel), os carros poderão ficar entre 5% e 8% mais baratos durante o ano, a partir da recuperação do mercado de automóveis no mundo.
Segundo pesquisa da coluna, há automóveis cujos preços podem ficar até R$ 32 mil mais baratos com a redução do valor do veículo neste ano. (Veja tabela abaixo)
"Nós tivemos uma queda nas vendas em 2022 ante 2021 na faixa de 10% em seminovos e usados, e essa redução deve impactar nos preços nesse ano, até porque as taxas de juros não estão favoráveis e isso deve forçar a redução do preço para compensar o movimento negativo do ano passado", disse Fernandes.
A queda da venda dos seminovos e usados, explicou o presidente do Sindivel, ocorreu por conta da redução na oferta de veículos novos após alguns problemas serem registrados em fabricantes no mundo inteiro. Contudo, esse cenário deverá se estabilizar em 2023, gerando uma melhora no número de carros novos no mercado, além de uma redução de preços para seminovos e usados como consequência.
"Só teremos problemas se tivermos um problema na oferta de novos, mas se a oferta aumentar, a tendência é o preço baixar um pouco mais. Se não aumentar, podemos ter uma alta, mas isso não deve acontecer", disse Fernandes.
"O carro usado tem oferta a partir do que foi produzido no passado. Em 2020 tivemos uma oferta baixa, com as coisas melhorando só em 2022, mas esperamos uma melhora em 2023 e isso deve ajudar a baixar os preços. No passado, a produção de novos foi impactada por falta de componentes", completou.
Apesar da perspectiva positiva, o presidente do Sindivel afirmou que a redução deverá acontecer de forma gradual e lenta durante todo o ano. Esse cenário, segundo ele, pode proporcionar melhores opções de compra para os consumidores nos últimos meses de 2023, mas não deverá reduzir a demanda por seminovos e usados.
Como essas operações, normalmente, envolvem trocar de automóveis, uma parte dos consumidores não deverá se frustrar da decisão de adquirir um novo veículo.
"Como temos as trocas, o consumidor acaba ganhando e perdendo valor também no próprio carro, então muitas pessoas vão preferir não esperar pela redução. Mas estamos em um cenário de muitas incertezas. Em 2022 havia uma expectativa de crescimento de vendas, mas caímos, então com esses dados, se não acontecer nada muito fora do normal, que altere os preços, a tendência é termos essa redução de 5% a 8% em 2023", explicou.
"Geralmente, os clientes que fazem negociação, oferecem um carro em troca, então as trocas devem acontecer normalmente, e assim o mercado pode não ter um decréscimo como houve no passado", completou
Veja a lista de preços dos carros mais comprados no Ceará e os possíveis novos valores. Os dados foram registrados após pesquisa direta da coluna em site de revenda.
Preço Atual: entre R$ 44 mil e R$ 109 mil /
Preço novo: entre R$ 40,5 mil e R$ 100,2 mil
Preço Atual: entre R$ 70,2 mil e R$ 260 mil
Preço novo: entre R$ 64,6 mil e R$ 239,2 mil
Preço Atual: entre R$ 35 mil e R$ 230 mil
Preço novo: entre R$ 32,2 mil e R$ 211,6 mil
Preço Atual: entre R$ 18,9 mil e R$ 155 mil
Preço novo: entre 17,4 mil e R$ 142 mil
Preço Atual: entre R$ 22,5 mil e R$ 400 mil
Preço novo: entre R$ 20,7 e R$ 368 mil
Preço Atual: entre R$ 51,7 mil e R$ 107 mil
Preço novo: entre R$ 47,6 mil e R$ 98,4 mil
Preço Atual: entre R$ 88 mil e R$ 159 mil
Preço novo: entre R$ 80,96 mil e R$ 146,3 mil
Preço Atual: entre R$ 32 mil e R$ 78 mil
Preço novo: entre R$ 29,4 mil e R$ 71,76 mil
Preço Atual: entre R$ 53 mil e R$ 239 mil
Preço novo: entre R$ 48,76 mil e R$ 219,88 mil
Preço Atual: entre R$ 38 mil e R$ 96 mil
Preço novo: entre R$ 34,9 mil e R$ 88,32 mil
Outro fator que pode afetar o preço dos veículos no mercado nacional, segundo Fernandes, é a evolução da taxa básica de juros nos próximos meses. Definida pelo Banco Central, a Selic poderá interferir na demanda do mercado.
Uma redução brusca da taxa pode gerar um aumento da procura por carros e gerar um aumento inesperado de preços caso a oferta não evolua na mesma velocidade. No entanto, não há, ainda, sinalizações de queda da Selic.
"Se a gente tiver uma demanda maior do que se tem oferta, teríamos um aumento de preços. O melhor cenário é um equilíbrio de oferta e demanda. É importante que o BC use a política monetária para controlar a inflação e os preços, então eles deveriam buscar o equilíbrio", comentou Fernandes.