ArcelorMittal quer atingir produção máxima da CSP em até 18 meses; evolução seria de 10%

Segundo o CEO da ArcelorMittal Pecém (novo nome da CSP), operação dependerá do entendimento completo dos processos atuais. Ele ainda falou dos planos relacionados ao hidrogênio verde e o aço verde

Legenda: CSP será, agora, controlada pela Arcelormittal após conclusão do processo no Cade

A ArcelorMittal já assumiu o controle da antiga Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) – agora chamada de ArcelorMittal Pecém – e já está operando os primeiros passos da nova operação, que deverão consistir em atingir a capacidade máxima da planta. Essa etapa deverá levar entre 12 e 18 meses, segundo Erick Torres, CEO da empresa, que conversou com a coluna. 

O plano é fazer com que a siderúrgica no Pecém consiga produzir mais cerca de 10% da capacidade atual, que anualmente gera 2,8 milhões de toneladas. Ao chegar no nível máximo, a planta deverá gerar mais de 3 milhões de toneladas por ano.

Erick comentou que o processo não será tão simples porque quanto mais perto da capacidade máxima, mais complicada fica a evolução da siderúrgica. Contudo, a operação foi considerada estratégica pela ArcelorMittal, que comprou a CSP em uma operação de US$ 2,2 bilhões. 

"Essa aquisição é estratégica e enxergamos diversos benefícios, e o primeiro ponto é ampliar a empresa como indústria de siderurgia e ela pode ter uma capacidade maior de produção", disse Torres. 
 
"Um dos pontos que a gente avaliou foi entender que as pessoas e a cultura que faziam parte da CSP trabalhavam muito próximos com o que tínhamos na ArcelorMittal, com valores como sustentabilidade, e isso norteou muito da nossa escolha. A planta precisa avançar menos que 10% para chegar na capacidade máxima, mas vai ficando mais difícil, então é momento de entender melhor a planta para ver os materiais para ver os detalhes", completou.  

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Mercado de aço verde 

Além da proximidade de cultura com a CSP, a ArcelorMittal observou o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde no Ceará para definir o plano de compra da usina. Segundo Torres, o projeto pode ser definidor nos planos futuros de investir na produção do aço verde, reduzindo a emissão de gás carbônico (CO2) da empresa até 2050. 

Esse cenário, contudo, dependerá da consolidação do mercado, que ainda precisará, segundo Erik, solucionar questões de demanda e escala para garantir a viabilidade nos próximos anos. 

"Ao entender a sustentabilidade como valor, a gente traz para 2050 o objetivo de atingir a neutralidade do grupo, falando da redução de emissões de CO2, e para isso a gente tem de substituir o combustível que é o carbono. Essa trajetória perpassa por outras tecnologias, e o hidrogênio pode ser uma oportunidade. Mas precisamos de energia. Hoje, o processo de produção de hidrogênio ainda não tem larga escala", disse. 

"Mas isso vai acontecer naturalmente e uma das potencialidades é isso, e enxergamos uma grande oportunidade de ter alternativas para produzir o aço verde aqui no Ceará", completou.

Atuação no mercado interno 

Sobre os possíveis riscos da operação de compra da CSP gerar um desequilíbrio na cadeia de aço no mercado interno, Erik garantiu não há risco, reforçando as ferramentas de avaliação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para avaliar o processo de mudança de controle da siderúrgica. 

"O processo de aquisição é responsabilidade do Cade, que tem uma experiência muito grande. A gente tem ferramentas para avaliar essas questões no Brasil, e a ArcelorMittal cooperou durante todo o processo, em todas as etapas, então não há riscos com desequilíbrio de operações no mercado interno", afirmou. 

O CEO da ArcelorMittal Pecém também garantiu que a empresa irá honrar todos os compromissos prévios da CSP, destacando que a empresa deverá usar a operação no Ceará para expandir presença e competitividade do grupo no mercado externo. 



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