Quem aqui já tomou banho de açude?

Águas de março fazem transbordar a alegria na vida de meninos e meninas do Interior

Legenda: Crianças tomam banho no açude Cedro, em Quixadá
Foto: Alex Mendes

Quase todo mundo que viveu a infância e a adolescência no Sertão deve ter tido essa experiência: tomar banho de açude com os amigos. Valem também barragens, barreiros, passagens molhadas.

Os mais corajosos escolhem pontos altos para se exibir em saltos não recomendáveis. Os mais prudentes usam aquela boia feita de câmara de pneu de carro reciclada. Já os que são moles como eu preferiam ficar contemplando ou, quando muito, na beirinha, sem riscos. Afinal, como diz uma tia querida: "cuide da sua vidinha, você só tem essa".

Era cada um ao seu estilo, mas todos iam ao açude reverenciar aquele espetáculo da natureza moldado pelas mãos dos seres humanos. Os açudes são corpos d'água represada nos nossos vales para garantir o abastecimento.

Quando chove tanto assim como nesse março de 2023, eles transbordam, sangram e aí é que a animação cresce. Termina aquela pasmaceira da água parada. O açude volta a ser rio de novo, com a correnteza que simboliza liberdade, renovação, vida. 

A chuva que traz tantos transtornos lamentáveis como os que aconteceram em Milhã, Piquet Carneiro e Senador Pompeu é também motivo de festa no Interior. 

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Tem um significado que é físico para o abastecimento humano, para a agricultura, mas que também é simbólico. São muitos os problemas na vida, mas, às vezes, quando chove, vem uma satisfação, que parece que era só isso que nos faltava. É um sentimento muito sertanejo.

Como escreveu o poeta paraibano Palmeira Guimarães: 

"A vida aqui só é ruim, quando não chove no chão. Mas, se chover, dá de tudo. Fartura tem de montão."

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