Bandeiras do Sertão tremulam por direitos humanos

Um dos vaqueiros fez questão de levar a do arco-íris durante o desfile de bandeiras na Missa do Vaqueiro, simbolizando as pessoas LGBTQIA+.

Legenda: O Vaqueiro Valmir Calaça, conhecido como Chapada, faz questão de levar uma bandeira LGBTQIA+ desde 2016.
Foto: Zilda Farias

Foi celebrada no último domingo (23) a Missa do Vaqueiro, em Serrita, sertão de Pernambuco, a 100 quilômetros de Juazeiro do Norte -- bem ali, como dizemos no Cariri.

Entre as atrações, está o desfile de bandeiras. E, mais uma vez, um dos vaqueiros fez questão de levar a do arco-íris, simbolizando as pessoas LGBTQIA+. Valmir Calaça, conhecido como Chapada, faz questão de fazer isso, mesmo não sendo membro dessa comunidade.

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Nas fotos que compartilho aqui, registradas pela companheira Zilda Farias -- que flana pelo Sertão fotografando a beleza cênica --, é possível vê-lo empunhando o pavilhão colorido. É simbólico e tem tudo a ver com a celebração -- apesar de, num primeiro momento, não parecer. 

A Missa do Vaqueiro foi criada há mais de 50 anos por três nordestinos: o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, um sacerdote católico, o padre João Câncio, e o poeta Pedro Bandeira, paraibano de nascimento e radicado no Cariri cearense. É uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, morto covardemente na década de 1950 enquanto trabalhava.

Triste história que inspirou uma canção de Luiz Gonzaga, que era primo do vaqueiro:

Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar

"Teu primo está aqui, Raimundo, denunciando a covardia do homem,  o desinteresse da lei para defender um pobre", diz Gonzagão na introdução da música.

Seu Luiz denunciava o desrespeito com a vida de um sertanejo. Assim também tem feito o vaqueiro Chapada desde quando resolveu empunhar a bandeira. Foi em 2016, ano em que um atentado matou dezenas de seres humanos numa casa LGBTQIA+ nos EUA.

A Missa do Vaqueiro foi criada há mais de 50 anos por três nordestinos: o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, um sacerdote católico, o padre João Câncio, e o poeta Pedro Bandeira, paraibano de nascimento e radicado no Cariri cearense. É uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, morto covardemente na década de 1950 enquanto trabalhava, crime que nunca foi a júri.