Em 2007, quando 'Estômago' foi lançado nos cinemas brasileiros, o trabalho do diretor do longa, Marcos Jorge, cresceu aos olhos do público ao fazer mistura entre a culinária e o poder de forma inesperada, até mesmo bem-humorada. Agora, a retomada dessa história chega aos cinemas com 'Estômago 2: O Poderoso Chef', nesta quinta-feira (29), mas de forma diferenciada, com um quê de requinte e uma grande responsabilidade no colo.
Durante a divulgação do filme, Marcos Jorge, junto dos atores Nicola Siri e Paulo Miklos, comentou sobre a nova jornada, garantindo que a intenção é, de fato, crescer a história como ela já merecia. "Tem um peso e é também uma grande qualidade não sair do zero. Tem uma legião de fãs que já viram o primeiro filme. Então, esse é uma resposta, e ele foi feito como isso, mas carrega uma responsabilidade muito grande que é a de não trair o primeiro, mas também não ser mais do mesmo", explicou, em entrevista à coluna.
Marcos Jorge escreveu 'Estômago 2' em parceria com Lusa Silvestre e Bernardo Rennó, revisitando a história do protagonista Raimundo Nonato (João Miguel), um homem cheio de talento que se torna chef de cozinha na prisão. Mas ainda que tudo siga girando em torno desse ponto inicial, o próprio filme busca se desvencilhar da proposta de ser simplesmente uma continuação de um homem só.
"Não queria fazer mais do mesmo ou ficar celebrando o primeiro longa. Queria que a história fosse mesmo pra frente, queria aproveitar a franquia e as relações entre culinária e poder, além dos personagens, para ampliar tudo isso, trabalhar novas questões", ressaltou ele. Acompanhado de Siri e Miklos, Marcos Jorge contrapôs os dois personagens centrais desse novo filme, Dom Caroglio e Etcétera, que receberam a tarefa de quase assumir o protagonista antes designado a Raimundo Nonato.
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Agora, a história mostra que Raimundo é o principal chef da prisão e encanta desde o diretor do presídio até o líder dos detentos, Etcetera (Paulo Miklos). No entanto, a chegada de Dom Caroglio, um mafioso italiano, traz uma profunda disputa sobre o controle do presídio e até mesmo da possibilidade de ser servido pelo cozinheiro.
Segundo o diretor, tudo neste novo filme é maior que o primeiro. "É literalmente um banquete ainda mais rico, de possuir mais situações, mais acontecimentos, etc", reforçou ele.
Para os fãs talvez o maior obstáculo seja abstrair da ideia de uma continuação tradicional, já que os novos personagens ganham ainda mais destaque que os já vistos no primeiro longa. Se é possível citar um pequeno spoiler, 'Estômago 2' aposta em novos conflitos, mas acaba deixando coisas importantes de lado, requentando a história anterior na estrutura, mas sem utilizar os principais atributos aclamados anteriormente.
Ao assistir o filme, uma sensação é clara: há a intenção de transformá-lo em algo maior, uma franquia internacional em algum ponto, seja por meio do caráter épico da história ou até pelos elementos grandiosos encaixados na sequência. O jogo de poder, entretanto, continua ali, mesmo que Raimundo Nonato não seja o personagem principal.
Interpretado por Nicola Siri, Dom Caroglio chega para confrontar Etcétera nesse ambiente carcerário. Ele quem dá início ao arco de 'Estômago 2' e, consequentemente, dita um tanto do que pode vir em futuras produções. "É um personagem raríssimo, com um leque enorme de emoções e sentimentos. Foi profundamente incrível trabalhar com toda a equipe e entender o tom de Caroglio, saber mais de como os conflitos dele surgiram", garantiu o ator, que citou o trabalho do longa para unir o Brasil e a Itália como um dos mais vistosos aos espectadores.
Para Marcos Jorge, claro, a relação desses personagens novos e antigos promete ainda muito mais. "Gosto de lembrar que meus filmes não têm moral da história, nem faço filmes para passar uma mensagem. A minha intenção é colocar os espectadores nas condições de determinados personagens para chegarem às suas próprias conclusões. O primeiro filme, por exemplo, era uma fábula nada infantil sobre o poder, o sexo e a culinária. Já o segundo tem uma frase que eu escolhi que fica: 'na cadeia alimentar ou você come ou é comida'. Quero que as pessoas refletam sobre isso, sobre essas estruturas de poder", finalizou o diretor.