'É Assim que Acaba' é adaptação fiel para as telas e deve agradar os leitores de Colleen Hoover

Longa estreia nos cinemas brasileiros já nesta quinta-feira (8)

Legenda: 'É Assim que Acaba' tem Blake Lively no papel de Lily Bloom, personagem com uma história marcada pelos traumas e agressões desde a infância
Foto: divulgação

Não é fácil adaptar uma obra literária de sucesso e torná-la tão boa ao ponto de também ser um estrondo nas telas de cinema. Nem sempre, inclusive, uma boa adaptação significa um bom filme, por exemplo. Mas é diante dessa complexidade que surge 'É Assim que Acaba' — do best-seller de Colleen Hoover, lançado em 2016 — com estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta-feira (7). O longa faz realmente jus às palavras escritas pela autora famosa e mergulha em temas complicados, ainda que acabe não se arriscando em diversos momentos. 

A história tem como protagonista Lily Bloom, aqui no longa vivida por Blake Lively. A personagem é dona de uma floricultura em Boston, recém-saída da New England. Na nova cidade, ela se conecta instantaneamente com o neurocirurgião Ryle Kincaid, que fica sob a responsabilidade de Justin Baldoni, também diretor do filme. Os dois iniciam um romance digno dos cinemas quase instantaneamente, logo após um encontro na sacada de um prédio. Flerte, tensão sexual e até mesmo as angústias emocionais são os ingredientes propulsores da relação dos dois no primeiro ato.

Veja o trailer de 'É Assim que Acaba':

Paralelos entre livro e filme

Ryle é tudo aquilo que se espera de um interesse amoroso, pelo menos na superfície. É bonito, possui uma vida estabilizada, uma profissão digna de admiração e a disponibilidade para se abrir unicamente para Lily. Soa como um conto de fadas e o filme acerta exatamente o tom nesse quesito. O olhar de Baldoni, que também interpreta esse protagonista de forma bastante acertada, captura exatamente a essência de viver essa beleza.

Assim, então, o espectador imerge no filme sob o olhar de Lily, encantada com tudo que o amor passa a proporcionar. Quando tudo dá errado, inclusive, a própria audiência se questiona o que de fato acontece, em um misto de sensações beirando a incredulidade. Ryle deixa o local de homem perfeito para repetir os padrões vistos por Lily ao longo da vida, de homem violento, instável, agressivo, mas ela fica na dúvida — assim como quem assiste — por conta desse olhar enviesado. 

A perspectiva de Lily fica presa nas memórias da personagem, enquanto anseia manter a relação no nível ideal, mesmo quando a realidade é bem diferente. Não há como não pensar no paralelo de uma relação tóxica, quando os momentos bons e ruins se contrapõem, mas a manipulação coloca tudo em uma nova ótica. O momento de quebra para o espectador ocorre no mesmo momento para a protagonista, mostrando de fato como ocorreram todos os eventos traumáticos na relação com Ryle.

Lily Bloom e Altas em 'É Assim que Acaba'
Legenda: Atlas é o suporte na história de Lily, sendo âncora durante a adolescência e anos depois, enquanto ela mesma precisa lidar com um relacionamento abusivo
Foto: divulgação

Os flashbacks na vida de Lily também trazem o peso dela, que precisou conviver com anos de abuso dentro de casa, presenciando a relação da mãe e do pai. Esse mesmo pai conseguiu até destruir a relação dela com Atlas (Brandon Skelnar), o amor da adolescência que até surge anos depois para auxiliá-la enquanto ela revive tudo isso de forma diferente. 

Como obra cinematográfica, entretanto, 'É Assim que Acaba' falha ao não mergulhar em toda a dramaticidade necessária ao tema. Lily parece uma personagem muito simples e em muitos casos não é possível ler nela os sentimentos difusos, bem comuns em uma relação desse tipo. As relações secundárias mantidas por ela, como com a irmã de Ryle, não são o suficiente para acrescentar, o que é uma pena.

Blake Lively em 'É Assim que Acaba'
Legenda: Blake Lively apresenta toda a delicadeza e excentricidade de Lily Bloom, mas personagem acaba faltando em alguns quesitos
Foto: divulgação

O roteiro, escrito por Christy Hall, não foge muito do já apresentado por Collen Hoover, o que é um acerto e um pecado. Ao passo em que não muda drasticamente a história, não proporciona uma experiência mais completa de um tema tão sério.

Para os que estão buscando uma adaptação fiel ao trabalho literário, não deve haver motivo para se decepcionar. Talvez, entretanto, o filme poderia ter buscado o espaço necessário para fazer as próprias apostas, o que engrandeceria a história em diversos níveis. 

Classificação indicativa e onde assistir

'É Assim que Acaba' estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (8), com a expectativa de reunir diversos fãs da obra de Collen Hoover, além dos curiosos pela adaptação. 

No Brasil, a classificação indicativa é de 14 anos, por conta do conteúdo sexual e das cenas de violência. Até o momento, o filme só está disponível nos cinemas e as informações sobre liberação para streaming só devem ocorrer mais à frente. 



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