Não é o fim da linha para equipe cearense que chegou perto do acesso à Superliga A

Instituto Cuca acabou derrotado nas semifinais para equipe de Araguari (MG) e não disputará a elite do vôlei brasileiro na próxima temporada

Legenda: Momento é de reorganização e planejamento para a próxima temporada
Foto: Divulgação

Foi quase, o acesso do Instituto Cuca à principal competição de vôlei do País esteve perto, bateu à porta, mas escapou no terceiro e decisivo jogo contra a equipe de Araguari. Ao abrir a série de semifinais com uma vitória convincente por 3 sets a 1, era difícil negar que a esperança de contar pela primeira vez com uma equipe cearense na elite do vôlei brasileiro estava acesa.  

 

Ao iniciar o segundo jogo levando o primeiro set, parecia questão de tempo, mas o time cearense esbarrou na superação da equipe mineira, que se aproveitou do talento da juventude e da altura dos atletas para despontar com o diferencial de bloqueios decisivos para a arrancada rumo à Superliga A. 

 

Equipe cearense foi a única representante do nordeste na Superliga B
Legenda: Equipe cearense foi a única representante do nordeste na Superliga B
Foto: Rodrigo Carvalho

 

Na última da melhor de três partidas, quando se esperava equilíbrio, o que se viu foi um domínio completo do time de Araguari nos dois primeiros sets. Houve registros de parciais de 12 a 4, no primeiro set, e incríveis 11 a 1, no segundo. O terceiro set até teve mais cara de final, mas já não era tempo para a reação e resultado foi finalizado em 25 a 22. 

 

Parar nas semifinais não foi um resultado de todo ruim. É preciso analisar o contexto. Para uma equipe composta por atletas amadores, em que todos se dedicam a alguma outra profissão, não é possível cobrar resultados como se fossem profissionais. Disputando a Superliga B pela primeira vez, a equipe surpreendeu ao chegar à fase eliminatória. O objetivo inicial de manutenção foi garantido e a meta foi ampliada. 

 

Não dá para achar um único motivo ou culpado. Se pudesse citar um fator decisivo seria o deslocamento. Com intervalo de três dias entre as partidas, a equipe cearense voltou ao Estado para depois retornar a Araguari. Fora o tempo gasto, a retirada de foco sem dúvida interferiu no rendimento. Um time apático foi o que se viu nos primeiros sets, nem parecia jogo decisivo. 

 

Apesar de não ter conquistado o acesso, Instituto Cuca teve um bom desempenho na Superliga B
Legenda: Apesar de não ter conquistado o acesso, Instituto Cuca teve um bom desempenho na Superliga B
Foto: Kid Júnior

 

Mas afirmo: o time chegou onde podia chegar e quem sabe até mais além. Deixou para trás equipes mais estruturadas, com patrocínios maiores. O que faltou de investimento, sobrou de força de vontade. Na primeira fase, dos nove jogos, foram seis vitórias. 

 

Fica a lição de que o talento cearense pode chegar ainda mais longe, mas é preciso pensar em questões estruturais. É inviável que um atleta de alto rendimento divida funções. O resultado vem também do foco, concentração e tempo de dedicação. Investimento é só o início, para, quem sabe, ver um representante cearense entre os melhores. 

 

O Estado é celeiro em diversas modalidades e falta espaço de representatividade, espelhos que podem incentivar ainda mais talentos. Ver cearenses entre os grandes é motor para o surgimento de atletas. Lembro bem de quando ainda criança tive a oportunidade de ver grandes times de vôlei disputarem uma competição, no Ginásio Paulo Sarasate. Era o início da minha relação com a modalidade, não para seguir como atleta profissional, mas para encontrar nela caminhos que percorro até hoje. 

 

Ter equipes disputando as principais competições nacionais faz com que novos talentos se sintam representados, observem que é possível chegar lá também. A partir disso, se cria um ciclo local no esporte. 



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