Em sétimo lugar no ranking da Fifa, a seleção feminina de futebol não chegou a Tóquio entre as favoritas ao ouro. Candidata à medalha, sim. A aposta não é com base nos últimos resultados em campeonatos oficiais: a eliminação ainda nas oitavas da Copa do Mundo de 2019 e o quarto lugar na última edição das Olimpíadas, no Rio, em 2016. Mas leva em consideração peças individuais, que já mostraram força em outras oportunidades, inclusive nesta quarta-feira (21), na estreia com goleada de 5 a 0 contra a China.
Marta, Bia Zaneratto, Debinha, Andressa Alves e a goleira Bárbara, tão criticada, mas fundamental para manutenção do resultado no início do segundo tempo, são os destaques.
A vitória na estreia não foi surpresa, o grande adversário do grupo F não era a China, mas a Holanda, contra quem o Brasil joga no próximo sábado (24), às 8h da manhã (horário de Brasília) e, provavelmente, decidirá a liderança do grupo.
A colocação na fase de grupos é fundamental para definir os próximos passos da seleção, que pode, inclusive, cruzar com times temidos, como os Estados Unidos, já nas quartas de final. As atuais campeãs do mundo tropeçaram contra a Suécia, na estreia também nesta quarta-feira. 3 x 0 foi o placar final.
Pia Sundhage vai em busca da quarta medalha olímpica
Suécia da técnica brasileira, Pia Sundhage, com a qual ela foi vice-campeã dos Jogos, na Rio 2016. A comandante, inclusive, tem o retrospecto bastante positivo nas Olimpíadas. São três medalhas: além da prata na última edição, foram dois ouros à frente dos EUA, em 2008 e 2012. Mais um motivo para acreditar que este pode ser um fator decisivo para a conquista da medalha brasileira.
Não podemos esquecer ainda de um elemento mais do que decisivo: Marta. Com os dois gols da primeira partida em Tóquio 2020, ela se tornou a única jogadora do mundo a ter marcado em cinco Olimpíadas. Chegou aos 12 gols, se tornando a vice-artilheira dos Jogos e pode ultrapassar a também brasileira, Cristiane, que tem 14.
A seis vezes eleita como melhor jogadora do mundo é diferenciada dentro de campo e fora dele. O reflexo das atitudes dela espelha atletas e outras mulheres que lutam diariamente pelo espaço em cenários ainda predominantemente masculinos. Por sua história e contribuição, a difícil medalha de ouro olímpico seria troféu, para ela e para gerações que lutaram para o futebol feminino do Brasil caminhar, ainda que muito lentamente, e chegar onde está.
Foi só o começo das Olimpíadas. Mas um dos poderes que os Jogos tem, de inspirar a acreditar até mesmo na mais difícil das missões, já está valendo. E a seleção feminina pode sim crer no sonhado ouro.
A esperança da medalha dourada existe também entre os homens, que estream nesta quinta-feira (22), contra a Alemanhã, fazendo uma reedição da última final olímpica. Que representativo seria, o País do futebol chegar ao lugar mais alto do pódio nas duas categorias do esporte que está enraizado na cultura nacional.