Uma montanha-russa de emoções! Se tem uma atleta que viveu um ano parecido com o trajeto de um dos brinquedos mais radicais do parque de diversões foi a tenista Luisa Stefani. Hoje, aos 24 anos, ela fecha a temporada da modalidade com um feito inédito: estar no top 10 da tabela divulgada pela Associação das Tenistas Profissionais, a WTA.
Quem vê apenas esse resultado nem imagina, mas Luisa não participa de competições desde setembro, quando sofreu uma lesão no joelho ao romper o ligamento cruzado anterior. Apesar disso, em entrevista à coluna, ela se mostrou bastante realizada com as conquistas do ano e otimista em relação ao que está por vir:
“Esse foi um excelente ano pra minha carreira, com certeza o melhor na questão de resultados, conquistas e amadurecimentos, questão de nível de jogo. [...] Apesar de duas cirurgias e a lesão, eu tiro um saldo muito positivo desse ano e não vejo a hora de voltar.”
A volta depende da recuperação, mas Luisa conta que a previsão com a qual ela e a equipe estão trabalhando é para maio. Focada, ela se mostra firme no processo e já voltou a cabeça para o tratamento logo após a lesão, enquanto disputava a semifinal do US Open com a canadense Gabriela Dabrowski contra as americanas Cori Gauff e Caty McNally. E mostra os passos da recuperação nas redes sociais.
Chegar à semifinal do US Open, um dos torneios mais importantes do mundo, é um marco da carreira de Luisa, mas fazer história ao lado de Laura Pigossi, conquistando a primeira medalha olímpica do tênis brasileiro, é para ela o momento mais importante de sua trajetória:
“Minha primeira experiência olímpica foi incrível, indescritível. Grandes emoções dentro da quadra e ainda mais fora da quadra depois da conquista. Com certeza a melhor semana da minha carreira”.
(59 jogos - 40 vitórias)
- Medalha de bronze: Jogos de Tóquio - com Laura Pigossi
- Semifinalista: US Open (Grand Slam) - com Gabriela Dabrowski
- Vice-campeã: WTA 1000 Cincinnati - com Gabriela Dabrowski
- Campeã: WTA 1000 Montreal - com Gabriela Dabrowski
- Vice-campeã: WTA 500 San Jose (EUA) - com Gabriela Dabrowski
- Vice-campeã: WTA 1000 de Miami - com Hayley Carter
- Vice-campeã: WTA 500 de Adelaide - com Hayley Carter
- Vice-campeã: WTA 500 de Abu Dhabi - com Hayley Carter
E são essas conquistas que levaram a brasileira a figurar entre as 10 melhores no ranking da WTA. “Acho que o ranking só reflete os resultados, mas é só um número e acho que o mais importante é a maneira que eu consegui jogar esse ano [...]. A maneira que a gente conquistou a medalha olímpica foi o mais importante. E terminar no top 10 é um sonho, mais um objetivo alcançado, um grande objetivo na minha carreira.”
Observando os resultados positivos de Luísa está bem óbvio que todos são em disputas de duplas. A brasileira teve três parceiras em momentos importantes do ano e explicou que a definição das duplas se dá por escolha das próprias atletas e, geralmente, a partir do ranking.
Com Hayley Carter, a parceria já vinha desde 2019, foi com ela, inclusive, que conseguiu uma boa subida no ranking, de quase 200 pra 20ª do mundo, mas a americana sofreu uma lesão em Wimbledon e foi preciso achar outra dupla, foi então que surgiu a parceria com Gabriela Dabrowski, com quem também obteve excelentes resultados. Com a também brasileira Laura Pigossi, a parceria no ano foi apenas para as Olimpíadas.
Sobre o destaque nas duplas, Luisa explica “Eu sempre tive mais facilidade e destaque nas duplas pelo meu estilo de jogo, acho que minhas armas de gostar de jogar na rede, que é um pouco mais raro no feminino, ter um bom saque e gostar de variar bastante o jogo são algumas características que ajudam muito no jogo de duplas”. Mas está nos planos voltar mais as atenções para o jogo no simples e tentar manter o alto nível nas duas categorias.
Como mulher pioneira no ranking para o Brasil, Luísa entende a importância de seu papel para incentivar as novas gerações de meninas e se interessarem pela modalidade:
“Fico muito orgulhosa e honrada em fazer parte desse grupo que conseguiu trazer principalmente o tênis feminino pra frente de novo, junto com os meninos que sempre são referência e exemplo. Trazer o tênis feminino pra esse mesmo patamar em nível mundial. E motivar as nossas meninas a acreditar que podem chegar mais longe em um esporte que sempre foi mais dominado no masculino no nosso País. [...] A gente tem uma geração muito boa trabalhando duro, sendo unidas, torcendo uma pela outra.[...]Pra gente conseguir deixar um bom legado pras próximas gerações. Acho que isso é a parte mais especial de tudo isso.”
A tenista ainda destaca, que busca a cada dia uma versão melhor de si mesma, servir de exemplo é uma motivação importante para continuar trilhando os caminhos vitoriosos no tênis mundial.