“Amor é a base de tudo”, isso eu não me canso de dizer. Passamos a vida buscando a felicidade, mesmo que esta talvez nem exista, mas o ato de amar e ser correspondido, pode ser uma das formas de tal sensação existir. Os românticos, grupo no qual faço parte, vivem a vida esperando por uma paixão leve e infinda ou uma intensa e fulminante.
O amor surge de tantas formas. Sigo dizendo que só um tipo dele pode superar o de uma mãe por seu filho: é o de fã.
Quem tem um ídolo não tem limites para os seus sentimentos. Essa devoção pode ser até preocupante, afinal, foi um fã que assassinou John Lennon, mas é preciso falar dessa relação tão intensa.
Trago esse assunto à tona depois de dois fatos curiosos dessa semana. O primeiro foi o Roberto Carlos que mandou um grande “Cala a Boca” para uma pessoa que estava gritando na plateia do seu show. Mesmo após o ocorrido o “Rei” não abriu a cara e distribuiu rosas de cara fechada, viralizando inclusive na internet.
Outra situação curiosa foi o distrato da Joelma com relação a um fã que viajou horas e teve uma foto negada pela artista. Depois de ter ganhado o mundo por meio da internet, a cena foi justificada pela assessoria da cantora como mal entendido, mas era tarde demais e muitos “tietes” dela ficaram ofendidos.
Claro que existem limites e até para essa devoção descomedida, mas esses dois causos me fizeram voltar no passado para rememorar meus tempos de fã nas portas do camarim e de alguma forma também é importante olhar o outro lado, vendo que os artistas mencionados são ícones de massa.
Uma saída de palco do pai da “Bossa Nova”, João Gilberto, não era incomum quando ele ouvia um barulho sequer na plateia. O baiano não fazia questão de aplauso ou ser queridinho como celebridade, João gostava era da música e o show era uma consequência. Ele queria silêncio e quem procurava assisti-lo já devia saber.
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Maria Bethânia também já mostrou vários desses episódios, que por muitos são chamados de estrelismo, mas sua performance em cena também justifica tal atitude. A cantora inclusive conta que teve o vestido já rasgado por um casal que bebeu um pouco mais em um de seus shows.
Nada pode ser comparado com as vaias que o irmão da Abelha Rainha da MPB recebeu em um dos Festivais de Música da década de 1960. Caetano Veloso recebeu a reprovação do público quando cantou “Proibido Proibir”. Depois da desavença gritou e questionou: que juventude é essa?
Com meus nove para dez anos, descobri a música e virei fã do cantor Cauby Peixoto, isso para quem me acompanha semanalmente já não é mais novidade. Agora o que poucos sabem que fui daqueles que tietavam o artista na porta dos camarins. Aliás, foi dessa forma que me aproximei do cantor e de toda sua empresária, minha amiga Nancy Lara, a quem deixo registrado todo meu carinho e respeito.
Dentro dessa condição, muito antes de entrar no papel de jornalista e de cronista, olhei a música no ângulo de fã e entendi esse elo de amor existente. O respeito mútuo é necessário e fundamental para que figuras do nosso cenário artístico alcancem grande fama.
Esse é o caso de Joelma e de Roberto Carlos, dois cantores de alto cunho popular e precisam ter um pouco mais de paciência com quem os deu a fama. Claro, que eles não são obrigados a aguentarem tudo, são humanos e é compreensivo que se irritem com situações que não corroborem para uma harmonia nas apresentações, mas é preciso tentar tirar da melhor forma esses imprevistos.