Cantores de forró, sertanejo e axé foram impactados pela alta de combustíveis nos últimos meses. As bandas são bastante atingidas por usarem ônibus para locomoção de equipe de instrumentistas, iluminação e equipamentos de som.
Empresários já apontam dificuldades para alinhar agendas em cidades mais distantes das grandes capitais.
Escute podcast com João Lima Neto:
O 34º episódio do podcast "É Hit" — canal de música do Diário do Nordeste — traz entrevista com Victor Ximenes, editor e colunista de economia do Diário do Nordeste. O jornalista explica as motivações para o aumento dos combustíveis. Tem ainda depoimentos de Emanoel Gurgel e Thales Guerra, empresários de bandas de forró.
Emanoel Gurgel, dono das bandas Mastruz com Leite e Cavalo de Pau, destaca o cenário inviável até mesmo no aluguel de ônibus.
"Nós temos banda que os custos ficaram terríveis. Se você for para o mercado alugando ônibus, nenhuma banda vai conseguir tocar nenhum show. Porque o frete é mais caro que um show. Na prática, o aluguel de ônibus padrão classe A, por exemplo, custa R$ 6 por quilômetro, mais R$ 900 de diária. Se você for para Recife de Fortaleza, são 800 km para ir 800 km para voltar. Um show por R$ 15 mil, você vai tocar por R$ 3 mil a R$ 4 mil. É irracional", define Emanuel.
Roteiros e cachês impactados
Thales Guerra, empresário da Noda de Caju, diz que a logística de locomoção das bandas ficou mais difícil para realização de shows em pequenas cidades e prevê mudanças em valores das apresentações até janeiro de 2022.
"A alta impacta diretamente nas bandas de forró. Esse custo de logística, que é sempre da banda, o transporte, é umas principais despesas de uma banda. De cara, o aumento dos cachês: temos que repassar, é inevitável. A partir de janeiro vai aumentar um pouco mais ainda os cachês, não tem como fugir disso".
Olho problema apontando é na logística dos roteiros. O deslocamento das bandas ficou muito mais calculado. "Não dá pra ficar indo fazer só um show isolado e voltar. Temos de criar um roteiro, de sexta a domingo. Estamos tendo muito mais cuidado com isso. Não tem como fazer as coisas de qualquer jeito", comentou Thales.
Impacto em outros ritmos
Não é só no forró que o impacto é presenciado. No sertanejo, a dupla Zé Neto e Cristiano diz lamentar a atual situação e aguarda a redução do preço dos combustíveis o mais breve possível.
"O Brasil passou um baque muito grande com tudo isso. Tudo que aconteceu afetou a saúde e economicamente, O País está enfrentando um momento difícil, e estamos tendo força e rezando muito. Está muito difícil para todo mundo que depende desse meio de transporte".
Sobre o impacto no roteiro da dupla sertaneja, Zé Neto disse não saber ao certo, mas que foram atingidos. "Sabemos que tudo influencia no preço do arroz, no preço do feijão. Subindo diesel, sobe tudo".
Do axé, o cantor Léo Santana também foi um dos nomes que sentem os efeitos da alta dos combustíveis. "Tudo impacta. Aumentaram tudo. A gasolina foi o ápice. Tá muito caro, de verdade. É no nosso país. Não tem pra onde correr".