Três pontos para entender a importância do recorde de 11 mulheres no ministério de Lula

Longe da paridade de gênero, futuro governo bate recorde de ministérios ocupados por lideranças femininas

Legenda: Lula completou o anúncio dos futuros ministros e ministras nesta quinta-feira (29)
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), completou nesta quinta-feira (29) a lista de ministros que comporão o futuro governo. Dos 37 ministérios, 1/3 será ocupado por mulheres. 

Elas estarão em 11 das 37 pastas, o equivalente a 30% dos cargos. Na lista, estão mulheres que tiveram papel de destaque na campanha de Lula e estavam, nas últimas semanas, no centro dos impasses sobre indicação aos ministérios, como é o caso da senadora Simone Tebet (MDB) e da ex-ministra Marina Silva (Rede).

A composição é variada, há mulheres pretas, indígenas, ambientalistas, políticas, artistas e cientistas. Ainda que esteja longe de cumprir a paridade de gênero no Governo, o cenário é um passo importante para o fortalecimento das políticas de equidade. 

Nesse cenário, três pontos são importantes para serem observados:

Recorde histórico

O Brasil nunca teve tantas mulheres ministras. O recorde anterior foi na gestão de Dilma Rousseff (PT), que nomeou nove mulheres no primeiro mandato - mais do dobro das indicadas por Lula em seu primeiro governo, em 2003.

Duas décadas depois, serão 11 mulheres: 

  • Marina Silva - Meio Ambiente
  • Simone Tebet - Planejamento
  • Sônia Guajajara - Ministério dos Povos Indígenas, que será criado
  • Ana Moser - Esporte
  • Daniela Carneiro - Turismo
  • Nísia Trindade - Saúde
  • Esther Dweck - Gestão (será criado)
  • Luciana Santos - Ciência e Tecnologia
  • Cida Gonçalves - Ministério das Mulheres
  • Anielle Franco - Igualdade Racial (será criado)
  • Margareth Menezes - Cultura

Desafio de cumprir a paridade de gênero

O número de ministras aumentou, mas ainda está aquém de uma paridade que reflita a sociedade brasileira. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), mostram que 51,1% da população brasileira é do sexo feminino.

Em seu plano de governo, Lula promete ações para essa parcela da população como a recriação do Ministério da Mulher, o combate à violência e o fortalecimento ao SUS para as mulheres. A campanha petista também se comprometeu em trabalhar para diminuir os retrocessos históricos do Brasil contra negros, indígenas e mulheres. 

Ainda durante a campanha, no entanto, Lula evitou se comprometer em nomear metade dos ministérios com mulheres. 

Em 2022, o resultado eleitoral foi preocupante para a população feminina. Seguimos abaixo da média mundial de representatividade e não alcançamos nem sequer 20% de eleitas e reeleitas.

Fortalecimento de lideranças femininas

A composição feminina no Governo Lula também traz outros marcos históricos, como a primeira ministra dos Povos Indígenas no Brasil: Sônia Guajajara.

Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time em 2022, Guajajara foi eleita deputada federal pelo Psol por São Paulo e é uma das coordenadoras da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil pela Amazônia (Apib).

Além dela, há o retorno de Marina Silva ao Ministério do Meio Ambiente, cargo que ocupou no governo Lula de 2003 a 2008. Marina é uma das principais referências no Brasil em questões ambientais.

Após semanas de idas e vindas sobre qual ministério ocuparia, a senadora Simone Tebet foi confirmada no Ministério do Planejamento, a terceira mulher a ocupar o cargo.

Tebet foi a primeira mulher presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a mais importante da Casa, entre 2019 e 2020. Neste ano, ela ficou em terceiro lugar na disputa presidencial e apoiou Lula no segundo turno.

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