Não é novidade que a moda cearense caiu no gosto do resto do mundo, mas isso ficou mais evidente e palpável ao longo da última semana. É que, nesse período, empresários internacionais visitaram fábricas de moda íntima e participaram de rodadas de negócios com o interesse de distribuir mundo afora os produtos cearenses.
As visitas, que fazem parte da ação Exporta Mais Brasil, da Apex Brasil, ocorreram na última semana e foram realizadas nas fábricas da Diamantes Lingerie, Hope (que apesar de não ser cearense tem produção no Estado), DelRio e DiLady. De acordo com o assessor da presidência da Apex Brasil, Pablo Lira, os encontros foram de “muita conversa, troca de cartões, interesse e elogios ao produto feito no Estado”.
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Além das visitas, a Apex também esteve participando do Ceará Está na Moda, evento do setor que contou com rodadas de negócios para que os empresários cearenses pudessem apresentar seus produtos e prospectar parcerias comerciais. As visitas e as rodadas contaram com compradores de cinco países: Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Espanha, África do Sul e Rússia.
Para Pablo, a moda íntima e a moda praia do Estado representam um grande potencial e são vistas com bons olhos pelos compradores internacionais. “Eu acho que o forte da feira é moda íntima. O comprador de fora vê muito potencial, tem muito interesse no produto cearense. Eles apontam a qualidade e sempre ‘batem nessa tecla’, falam que é muito boa”, afirmou ele durante o evento, realizado entre os dias 23 e 25 deste mês no Centro de Eventos do Ceará.
Ao discursar no primeiro dia de Ceará Está na Moda, o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, destacou o potencial de exportação das regiões Norte e Nordeste do País. "Ainda exportam pouco, mas têm muitos produtos, têm muito boas empresas", disse. "O Ceará não está na moda hoje, o Ceará sempre esteve na moda", reforçou.
A iniciativa da Apex rendeu, durante a última semana no Ceará, 43 reuniões de negócios com 26 empresas, sendo 22 delas lideradas por mulheres. Os encontros têm a expectativa de gerar mais de R$ 4 milhões em negócios nos próximos 12 meses, calculou a agência.
Além da qualidade do produto, Pablo destaca que os compradores internacionais se interessam por adquirir algo que tenha uma história, que seja possível conhecer de onde vem. Ele exemplifica que o fato de uma das fábricas de lingerie, a DelRio, ter 95% da produção feita por mão de obra feminina, é o tipo de história que dá destaque ao item. “A preocupação com esse lado social é algo cada vez mais percebido”.
A empresária Karina Vila Nova corrobora a impressão causada pelos produtos do Estado. Ela veio da Espanha para o Ceará conhecer a moda produzida localmente e participou das visitas às fábricas. “Achei ótima. Minha intenção de vir ao Ceará era justamente descobrir marcas diferentes do que a gente encontra no resto do País”.
“Realmente são peças únicas. Eu vim principalmente em busca de moda íntima e de acessórios, descobri uma marca de roupa maravilhosa agora, vejo potencial porque tem muita qualidade, muita variedade e preço bom”, disse Karina, que distribui marcas no atacado para Espanha, Portugal e Itália.
Além de ter variedade, qualidade e preços competitivos, a jornada de uma empresa local rumo à exportação passa pela capacitação para tal, conforme pontua Pablo Lira. “No nosso portal disponibilizamos cursos EaD, tudo com passo a passo. A porta de entrada da Apex é via Peiex (Programa de Qualificação para Exportação)”.
No último ciclo de capacitação, a Apex capacitou 125 empresas no Ceará para exportações. “Estamos com um próximo ciclo Peiex em parceria com o Sebrae. Temos uma meta de capacitar 125 empresas em Fortaleza e mais 25 em Juazeiro do Norte. Vamos fazer essa busca ativa por empresas e, com a ajuda do Sebrae, vamos identificar quais contam com esse potencial”.
Há cerca de 10 anos, a capacitação da Apex ajudou a empresa de moda praia Aguapé a abrir as portas para o mercado internacional. Atualmente, a empresa distribui seus produtos para Boca Raton e para Miami, ambas cidades da Flórida, nos Estados Unidos, mas já teve comercialização na região de Algarve, em Portugal.
“Entre 2014 e 2015 nós começamos a construir novos caminhos a partir do Peiex, dois anos depois de eu entrar e assumir a gestão da empresa. Em 2016, nós fizemos uma capacitação de aproximadamente quatro meses. Nos foram apresentadas as certificações internacionais necessárias, os entraves aduaneiros e o que deveríamos fazer para um desembaraço tributário, regras de envio”, relata Felipe Tavares, sócio-diretor do negócio, que começou a 20 anos com a mãe, Ana Tavares.
A empresa cearense inclusive participou da rodada de negócios promovida durante o Ceará Está Na Moda. Na ocasião, foram apresentados os produtos da marca. “Foi ótimo! Já enviamos um mostruário para um dos compradores e estamos aguardando o contato dos outros”, disse Elaine Alves, diretora criativa da Aguapé.