Tarifas de Trump ameaçam exportações cearenses: política precisa se unir ao setor produtivo
Estado e governo federal precisam se unir à iniciativa privada para evitar as perdas milionárias

A decisão do ex-presidente americano Donald Trump de impor uma tarifa de 25% sobre o aço importado coloca o Ceará em uma posição delicada. Com os Estados Unidos absorvendo 80% das exportações cearenses do setor, os impactos podem ser severos: queda de R$ 600 milhões na receita das empresas, redução de R$ 111 milhões na arrecadação estadual, além do possível corte de 20% nos empregos da siderurgia. O protecionismo americano, dito em “defesa da indústria local”, impõe barreiras artificiais ao comércio global e obrigam Brasil e Ceará partirem em busca de alternativas.
Não se pode ficar refém de decisões externas. A diversificação de mercados, por exemplo, precisa ser uma pauta constante para reduzir a dependência dos EUA. A indústria siderúrgica cearense precisa buscar novos compradores, ampliando sua presença global e reduzindo os riscos de sofrer com políticas protecionistas de um único país.
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Além disso, o governo federal deve agir diplomaticamente para reverter ou mitigar as tarifas impostas pelos EUA, negociando isenções ou adotando medidas de reciprocidade comercial. O Ceará, por sua vez, pode criar incentivos fiscais e logísticos para fortalecer o setor siderúrgico e garantir sua competitividade, mesmo em um cenário de retração no mercado americano.
Busca por mais valor agregado
Outra saída estratégica está no investimento em inovação e na agregação de valor ao aço exportado. Em vez de vender apenas matéria-prima, a indústria local precisa se posicionar melhor globalmente ao produzir itens processados e com maior margem de lucro. Isso não apenas reduziria a vulnerabilidade a tarifas, mas também fortaleceria o setor no longo prazo.
O episódio reforça uma lição clara: não se pode depender de um único mercado para sustentar um setor estratégico. O Ceará precisa se antecipar às mudanças do comércio global e buscar alternativas. Se houver articulação entre poder público e iniciativa privada, a crise pode ser transformada em uma oportunidade para fortalecer a indústria e reduzir sua exposição a decisões externas imprevisíveis.