Sem Plano Diretor atualizado, Fortaleza cresce no improviso e à mercê de interesses individuais
Prefeito e vereadores de Fortaleza têm a obrigação de priorizar o projeto que se arrasta há cinco anos

Desde 2020, Fortaleza vive um impasse que ameaça seu desenvolvimento sustentável: o Plano Diretor, instrumento fundamental para orientar o crescimento urbano, segue desatualizado. Sob a gestão Roberto Cláudio, chegou-se a anunciar o início das discussões, mas a pandemia da Covid-19 interrompeu o processo. Na gestão Sarto, a pauta foi engavetada e, agora, sob o comando de Evandro Leitão (PT) e com uma nova composição na Câmara Municipal, a capital cearense não pode mais postergar esse debate. A ausência de um Plano Diretor atualizado compromete o futuro da cidade e penaliza as próximas gerações.
O Plano Diretor é essencial para ordenar o uso do solo, planejar a expansão urbana e garantir equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental. Sem ele, Fortaleza tem vivido um processo de “remendos legislativos”, com a Câmara aprovando leis complementares que atendem a interesses pontuais. Um exemplo claro disso foi a polêmica extinção de áreas verdes no fim de 2024, uma decisão aprovada no "apagar das luzes" do ano legislativo. Esses movimentos improvisados prejudicam o planejamento de longo prazo e favorecem o crescimento desordenado, aumentando problemas como a desigualdade socioespacial, a falta de infraestrutura adequada e favorecem a especulação imobiliária.
A responsabilidade por conduzir essa atualização é tanto do prefeito quanto dos vereadores. No entanto, até agora, Executivo e Legislativo têm evitado encarar o tema com a seriedade que ele exige. A omissão prejudica Fortaleza em várias frentes, incluindo a captação de investimentos que valorizam critérios de sustentabilidade e planejamento estratégico.
Mais grave ainda é o impacto direto na qualidade de vida da população, que sofre com a expansão descontrolada de áreas urbanas e a falta de políticas claras de mobilidade e habitação.
A atualização do Plano Diretor não pode ser tratada como uma obrigação burocrática. Trata-se de um pacto político e social pelo futuro de Fortaleza. É necessário que o prefeito Evandro Leitão, o presidente da Câmara, Léo Couto, e os outros 42 vereadores, priorizem essa pauta de forma imediata, envolvendo a sociedade civil, especialistas e setores organizados. Um Plano Diretor só é efetivo quando reflete os interesses coletivos e é construído com ampla participação popular.
O adiamento desse debate é um erro estratégico que Fortaleza não pode mais cometer. A cidade precisa de um novo rumo, baseado em critérios técnicos, visão de futuro e compromisso com o bem comum. Deixar essa discussão para depois é perpetuar o improviso e condenar a capital cearense a um crescimento desigual e insustentável. O momento de agir é agora.