No discurso que fez nesta quarta-feira (20) em Russas, na região jaguaribana, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, não poupou elogios ao presidente Jair Bolsonaro, seu chefe. Na verdade, a cabeça e as palavras do ministro estavam lá em outubro de 2022.
Segundo ele, Bolsonaro tem sido "perseguido" por defender as cores "verde e amarela" e a "família", para aplausos dos apoiadores do presidente.
Sobraram críticas aos ex-presidentes que estiveram "sentados na cadeira" e não cumpriram o que prometeram. E até indiretas ao governo dos petistas Lula e Dilma, que, segundo o ministro, mandavam recursos para países como Cuba e Nicarágua, uma narrativa repetida com frequência por Bolsonaro e que anima os seguidores.
Em determinado momento, ficou parecendo que se tratava de um ato de campanha eleitoral. "Não podemos permitir que quem dilapidou o patrimônio do povo volte ao poder".
Derrotado na eleição para deputado federal em 2018 no Rio Grande do Norte, após ficar na suplência pelo PSDB, o ministro tenta retomar a boa performance nas urnas sob as bênçãos de Bolsonaro e do bolsonarismo.
Marinho já anunciou a pré-candidatura a senador pelo seu Estado, não mais pelo PSDB, mas por um partido ainda a ser definido, também segundo a ordem do presidente. Aliás, nem Bolsonaro definiu a camisa partidária que vestirá em 2022.
Histórico na política
O ministro já foi filiado a um partido de esquerda, o PSB, tendo trocado de legenda na década passada, para se tornar membro do tucanato. No Congresso Nacional, como deputado federal, apoiou o governo do então presidente Michel Temer, votando inclusive contra as denúncias que o Ministério Público Federal tentou imputar ao ex-presidente.
Os maiores desafios de sua carreira, entretanto, foram mesmo no governo Bolsonaro. A primeira missão foi a discussão que travou com o Congresso Nacional a respeito da Reforma da Previdência. Como secretário da Previdência de Paulo Guedes, ele ganhou notoriedade ao conseguir a aprovação da medida, quando o governo ainda dava os primeiros passos.
Depois, recebeu a missão de tocar o Ministério do Desenvolvimento Regional, com um olhar voltado para o Nordeste e o Rio Grande do Norte, a maior oportunidade de retomar a carreira eleitoral.
Ele tem sob sua batuta projetos grandiosos como a Transposição do Rio São Francisco, que o governo pegou na reta final, e as outras obras hídricas de envergadura na região.
Por outro lado, têm um certo incômodo dentro do governo. O conterrâneo Fábio Farias (ministro das Comunicações) também parece ter planos de concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte.
Por enquanto, Rogério Marinho minimiza a possibilidade de embate. Diante do contexto, quanto mais demonstrar lealdade a Bolsonaro, melhor.