Nem o manto institucional de presidir um poder no Município livrou Yanny Brena do feminicídio

A jovem vereadora morta, lamentavelmente, não volta mais. Entretanto, o crime precisa servir para evitar outras tragédias

Legenda: Vereadora em primeiro mandato, Yanny assumiu a Presidência da Câmara de Juazeiro do Norte
Foto: Reprodução/Instagram

Yanny Brena Araújo era uma mulher socialmente privilegiada. Jovem, médica, família de destaque – o irmão é deputado federal – e presidente do Poder Legislativo de um dos maiores municípios do Ceará. As citações distanciam em muito a jovem vereadora morta na última semana da maioria das mulheres cearenses. Entretanto, o desfecho trágico de sua história em vida a transporta para o cotidiano de milhares de brasileiras, em uma preocupante estatística das mulheres vítimas de violência. 

Nem o fato de ter a legitimidade de um mandato eletivo, conferido pelo povo nas urnas, e de ser presidente de um poder constituído no município, livrou a jovem promissora de um crime que se repete e se propaga, apesar dos esforços do poder público para intimidar uma legião de agressores, muitos dos quais contam com a conivência das vítimas e das famílias, por motivos diversos. 

Em um recorte específico do Cariri, a realidade é mais dura. Os dois juizados que atendem especificamente esses casos entre Juazeiro e Crato expediram mais de 1.700 medidas protetivas no ano passado, segundo o Tribunal de Justiça do Ceará. São decisões que buscam proteger mulheres de seus agressores. 

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Os números são alarmantes, mas nem de longe revelam a realidade, tamanha é a quantidade de situações que acabam não chegando ao conhecimento das autoridades. Em reportagem precisa e necessária, a repórter deste Jornal, Thatiany Nascimento revela os 27 feminicídios registrados no Cariri em 5 anos. 

Em todo o Estado, nos últimos quatro anos, foram mais de 36 mil prisões em flagrante com base em violência doméstica e de gênero, segundo dados da Polícia Civil. 

O triste caso que vitimou a vereadora alerta que, em nenhuma situação, a mulher está protegida. 

 Yanny Brena, lamentavelmente, não volta mais. Ficará apenas na memória dos amigos e familiares. Entretanto, seu nome ficará na história de Juazeiro do Norte como a mulher morta por feminicídio no comando do Poder Legislativo. 

Sociedade e poder público precisam se unir e reforçar essa batalha contra a violência de gênero e isso precisa começar cedo, nas escolas. 

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