INSS permitiu que 'entidades fraudulentas' e 'bandidos' fizessem descontos ilegais, diz presidente

Gilberto Waller Júnior reforçou, em entrevista, que todos os descontos estão suspensos e que desde 1991 nunca houve uma auditoria em contratos

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 10:20)
Legenda: Presidente do INSS informa que mais de 9 milhões de beneficiários foram comunicados que tiveram descontos em seus benefícios
Foto: Thiago Gadelha/SVM

O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, que tomou posse recentemente em meio à crise das fraudes, disse que o órgão falhou gravemente no controle dos descontos em benefícios, permitindo que “entidades fraudulentas” e “bandidos” atuassem fazendo descontos indevidos na conta dos aposentados brasileiros. 

“Entre 2019 e 2021, quando o INSS aceita fazer acordo de cooperações técnicas com entidades fantasmas, que não existem, o problema fica mais grave. Você coloca o criminoso para dentro da instituição, confiando em “bandidos” para realizar descontos", declarou.
 

Waller Júnior está no Ceará e concedeu entrevista, nesta quinta-feira (5), ao telejornal Bom Dia Ceará, da TV Verdes Mares, da qual este colunista participou, e ao programa Bom Dia Nordeste, da Rádio Verdinha FM 92.5/TV Diário. O novo presidente reforçou que todos os descontos associativos estão suspensos e admitiu que, desde 1991, quando a lei passou a permitir os acordos de associações com o INSS, nunca houve uma auditoria nos processos e que o órgão nem sequer tem essas documentações.  

"Nunca ocorreu uma checagem ou auditoria nessas associações ao longo de mais de 30 anos”. Para ele, o processo foi "formatado de uma maneira estranha", baseada na "confiança" ou "fio do bigode", onde as associações informavam os associados após o acordo. A falta de fiscalização se deu, em parte, porque o INSS "nunca guardou, nunca recebeu a documentação comprovatória desse desconto". 

Novas regras com mais rigor 

Diante das descobertas, Gilberto Walle Júnior assegurou que "todos os descontos estão paralisados". A partir do mês atual, nenhum segurado tem desconto associativo, e o que foi descontado no mês anterior foi bloqueado e está sendo devolvido.  

Ele garantiu que, se o desconto associativo em folha voltar a existir, o que depende de decisão no Congresso Nacional, "as regras serão totalmente diferentes", com exigência de fiscalização e rigor muito maior para a assinatura de acordos.  

"Você não pode sentar na mesa com o fraudador e falar: 'Tá aqui um cheque em branco, possa pode fazer o desconto'", pontuou.