Em reunião nacional, Camilo defenderá vacina e fim do boicote a medidas estaduais na pandemia

Governador cearense, após embates com o presidente Bolsonaro, vai participar da primeira reunião do comitê de enfrentamento à covid-19

Legenda: O governador Camilo Santana vai defender ainda a homologação de novos leitos de UTI já abertos pelo Estado

Na primeira reunião do comitê nacional de enfrentamento à covid-19, na manhã desta sexta-feira (26), o assunto principal será formas de acelerar a vacinação da população e estratégias para abrir e homologar mais leitos de UTI para tratar os doentes. 

O encontro será liderado pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM), e terá a participação dos governadores dos Estados. 

O governador Camilo Santana (PT) estará no encontro e corrobora com os dois temas mais importantes a serem tratados.

Entretanto, o governador cearense, conforme apurou esta coluna, irá reforçar a necessidade de um direcionamento nacional das ações na pandemia e pedir o fim do boicote a medidas adotadas pelos estados no enfrentamento à Covid-19, como a necessidade de normas de distanciamento social. 

O recado é genérico, mas mira a postura do presidente Bolsonaro que chegou, recentemente, a recorrer ao Supremo Tribunal Federal para derrubar toque de recolher adotado por três governadores. O presidente perdeu a empreitada, inclusive. 

As cobranças ao governo federal cresceram nos últimos dias, em que o País ultrapassou a marca dos 300 mil mortos na pandemia. Os recados aos vácuos de gestão federal vieram diretamente dos governadores e também do Congresso Nacional.

Em um mesmo dia, senadores pediram a demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, falou em “remédios amargos” no Legislativo, em recado direto ao Palácio do Planalto.

Nos bastidores, parlamentares cearenses com experiência em Brasília consideram que o recado forte de Lira não tem ainda sinais claros de reação, mas que o discurso gerou alerta geral em Brasília. 

O governador cearense está em rota de colisão com o presidente Bolsonaro, especialmente desde fevereiro, em que, em meio a medidas de distanciamento social em vigor, o presidente veio ao Ceará para lançar obras federais. Ele promoveu aglomerações e mandou recados diretos a Camilo e às medidas de distanciamento social. 

A reação de Camilo Santana aconteceu por meio de postagem nas redes sociais no mesmo dia do evento ocorrido no Estado, inclusive com a presença de parlamentares aliados de Camilo Santana (PT).

Mais recentemente, um episódio voltou a esquentar o clima. Foi uma postagem compartilhada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que atribui ao pai o envio de todas as vacinas ao Estado. Até o influencer Felipe Neto entrou na disputa, em apoio a Camilo. 

Sob forte pressão pelos resultados da pandemia, Bolsonaro passou a apoiar a ideia de criar um comitê nacional de enfrentamento da pandemia, cujo comando fica a cargo de Rodrigo Pacheco. 

Diante das diversas demonstrações de comportamento contrário do presidente e de auxiliares do Planalto, governadores e parlamentares estão céticos em relação a essa coordenação nacional, tardia, um ano após o início da pandemia. 

Os prejuízos até aqui são enormes e não há mais margem para vacilo a essa altura da crise nacional. A conferir os resultados da nova empreitada.