Elmano anuncia grupo de trabalho com governo federal para discutir alternativas ao tarifaço de Trump

Governador enfatizou os esforços de diálogo com o governo americano para reduzir o impacto na produção cearense, mas evitou antecipar medidas

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
(Atualizado às 11:53)
Legenda: Governador foi recebido com comitiva cearense pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckimin, em Brasília
Foto: Vice-Presidência da República

O governador Elmano de Freitas (PT) anunciou, em Brasília, nesta terça-feira (29), a criação de um grupo de trabalho com o governo federal para construir alternativas ao setor produtivo do Estado diante da possível aplicação do tarifaço pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A iniciativa foi articulada com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que recebeu a comitiva cearense com representantes do governo e do setor privado, nesta manhã, na Capital federal. 

O grupo deve incluir a participação da Secretaria da Fazenda, Procuradoria-Geral do Estado, Federação das Indústrias (Fiec) e Federação da Agricultura. “Estamos nos preparando para todos os cenários, mas nossa prioridade, até o dia 1º, é o diálogo”, destacou Elmano, evitando dar detalhes sobre possíveis medidas a serem tomadas após o início de validade das tarifas. 

Além do esforço institucional, o governador disse ter conversado com o setor produtivo local para agir de forma coordenada com seus parceiros comerciais nos EUA. Segundo ele, os empresários cearenses estão sendo orientados a fortalecer a interlocução com seus compradores e fornecedores americanos para iniciar uma “solução equilibrada” entre os dois países.

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“O que está em jogo são as empresas cearenses e os empregos que elas geram”, afirmou, cobrando engajamento mútuo. 

Propostas ao governo federal 

Durante o encontro com Alckmin, Elmano e os empresários entregaram um conjunto de propostas elaboradas pela Fiec, com medidas específicas para o setor, e reforçou o papel do Ceará como voz ativa nas negociações com Brasília.  

O plano traçado pelo Estado parte de estudos técnicos realizados pelo Observatório da Indústria e inclui cenários para diferentes níveis de tarifas, que podem chegar a 50%. “Entregamos essas propostas ao vice-presidente com o objetivo de atuarmos juntos, governo federal e estadual, em defesa de nossa economia”, disse o governador. 

Declaração em tom de conciliação 

Durante a entrevista coletiva, o governador usou tom conciliador ao falar sobre a relação com os EUA, destacando a necessidade de uma solução que atenda aos dois lados da balança comercial. "Não interessa um perde-perde para o Brasil nem para os Estados Unidos. Queremos um ganha-ganha", disse.  

Ele também percebeu que há interesse entre empresários dos dois países em manter tarifas e ressaltou a importância de um posicionamento unificado: “Devemos atuar juntos na defesa da economia brasileira e da boa relação com o mercado americano.” 

Impactos no setor produtivo cearense 

Os setores cearenses que mais podem sofrer impacto com a mudança nas alíquotas incluem a indústria do aço, o pescado, a carnaúba, a castanha de caju, o granito e os equipamentos para parques eólicos.  

Elmano lembrou que mais da metade das exportações cearenses têm os EUA como destino, o que torna o Estado o mais vulnerável do país neste contexto.  

"O aço do Ceará já enfrenta uma tarifa de 50%. Agora, precisamos nos preparar para saber se outras áreas serão igualmente afetadas ou se houver tratamento diferenciado por setor", concluiu.