O recuo do governador Elmano de Freitas (PT) na criação do Fundo Estadual de Sustentabilidade Fiscal do Ceará (Fesf), anunciado nesta quarta-feira (22), como antecipou esta coluna, gerou uma repercussão paradoxal ao governo. Ao ponto que foi vista pelo setor produtivo e parlamentares como positiva, a medida reforçou o discurso da oposição de crítica ao Executivo pela aprovação da matéria que havia ocorrido em fevereiro.
Entre aliados do governador, a ordem do dia foi reconhecer o recuo como prova de "diálogo" do governador. Já setores do PDT críticos ao governo e a oposição à direita aproveitaram a oportunidade para avaliar o recuo de Elmano como “oportuno”, mas fruto de um projeto que havia sido erroneamente aprovado pela Assembleia no início da legislatura.
Nos bastidores, o clima entre os opositores era que a mudança de rota do governo seria uma vitória da oposição e uma demonstração de que as primeiras medidas econômicas tomadas pelo governador foram equivocadas, reforçando a mobilização dos opositores.
O Fundo havia sido criado após aprovação na Assembleia, em fevereiro. Na prática, o projeto – que seria temporário - cortava incentivos fiscais de empresas já instaladas no Ceará com a justificativa de “equilíbrio fiscal”. Diante do cenário complicado da economia e de sinalização de recomposição das perdas de ICMS pelo governo federal, o governador anunciou o cancelamento.
O líder do governo na Casa, deputado Romeu Aldigueri (PDT) minimizou as polêmicas e disse que a medida era necessária.
"Governador Elmano é um homem de diálogo. Ele tem responsabilidade com o Estado. No cenário de fevereiro, era fundamental garantir o equilíbrio fiscal. Agora, após entendimentos com o governo federal, o governador retira uma medida. Decisão sensata e importante", resumiu.
Opositores repercutem
Felipe Mota (UB) disse que o governador demonstrou “grandeza” ao recuar da medida, mas reforçou, em contato com esta coluna, que a situação poderia ter sido evitada. “Eu cheguei a pedir, no meio da discussão, que se esperasse o resultado da composição de perdas que viria de Brasília antes da decisão, mas não fui ouvido”.
Queiroz Filho (PDT) detalhou que os apelos dos deputados não foram ouvidos no momento da discussão. “Fico feliz pelo recuo porque beneficia a sociedade. E, ao mesmo tempo, fico feliz por ter dado uma contribuição sobre esse assunto, que o fundo feria o direito adquirido”.
Nas redes sociais, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) diz que faltou ao Estado “planejamento”. “Fica claro, como ressaltarmos, que não houve o adequado diálogo prévio, planejamento e fundamentação técnica sólida”.
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