Nas redes sociais, nesta terça-feira (26), o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, reclamou de uma “nacionalização” do debate sobre a sucessão no Estado do Ceará. Segundo a postagem, essa tentativa “não tem sentido” e nem a de “cearalizar” o debate nacional. É difícil compreender a crítica do presidenciável, quando foi ele próprio que deixou a campanha nacional em segundo plano para mergulhar na sucessão estadual.
Como não acontecia há décadas, o presidenciável resolveu tomar a frente das negociações internas do PDT para a definição do candidato ao governo do Estado. A atitude causou estranheza até nos correligionários mais próximos. A missão de coordenação estadual, como já abordamos nesta coluna, ficava a cargo do irmão Cid Gomes, cuja ausência é apontada como um dos motivos para o racha no grupo governista local.
Em entrevista exclusiva a esta coluna, Ivo Gomes, irmão mais novo de Ciro, chegou a declarar que Cid “foi atropelado” no processo de discussão para a definição do candidato do PDT ao Governo do Estado. Ivo atribuiu a Ciro os danos à aliança governista, que acabou no rompimento entre PT e PDT. Ainda para o prefeito de Sobral, Ciro “bancou o risco” de Cid ficar de fora das conversas.
Na convenção do PDT, Ciro tratou a declaração do irmão como "fuxicalhada" e alertou que não iria falar de "problema de família" pelos jornais. O estremecimento entre os irmãos, puxado por esta coluna, logo tomou o noticiário nacional.
O desfecho do processo de escolha do candidato do PDT ao governo, que causou o racha e foi conduzido por Ciro, desorganizou o grupo de lideranças locais alinhadas ao governo do estado desde a gestão Cid Gomes. Assim, os adversários nacionais de Ciro entraram com força na arena estadual para reposicionar as peças no tabuleiro.
O principal deles foi o ex-presidente Lula (PT). Sem um candidato natural ao Executivo, o partido dele lançou o deputado estadual Elmano de Freitas e este irá depender, e muito, das imagens de Lula e Camilo Santana. Este é o motivo de Lula vir à convenção estadual petista no próximo sábado.
Tomando rumos diferentes
Partidos como o PL, de Acilon Gonçalves, e o PP, de Zezinho Albuquerque, seguiam tentando se equilibrar entre a posição nacional de apoio a Bolsonaro e a aliança com o PDT no Ceará. Depois do racha, o PL anunciou apoio a Capitão Wagner e o PP negocia com o PT.
As articulações conduzidas por Ciro Gomes nacionalizaram o debate local, no único estado governado pelo PDT no País.
Este conteúdo é útil para você?