Chapa de deputados do PL é alvo de mais duas ações por possível fraude à cota de gênero

Em uma delas, parlamentares e partidos interessados em uma redistribuição das vagas na Assembleia questionam mais candidatuas femininas da legenda

Legenda: As ações tramitam no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará
Foto: Thiago Gadelha

O Partido Liberal (PL) no Ceará está enfrentando mais dois processos na Justiça Eleitoral sob acusação de suposta fraude à cota de gênero na eleição para deputado estadual em outubro passado. A legenda já enfrentava uma ação por suposta candidatura fictícia, mas com os dois novos procedimentos, pelo menos, outras seis candidaturas femininas estão sendo questionadas.  

Uma das novas ações está sendo movida pelo Ministério Público Eleitoral e a outra por um conjunto de interessados no desfecho do caso que inclui a federação PT-PCdoB-PV, Adelita Monteiro, além dos deputados estaduais Gordim Araújo (PSDB), Audic Mota (MDB), Nizo Costa (PT) e Bruno Pedrosa (PDT). 

Todos os parlamentares autores da ação estão de olho em uma possível recontagem de votos para a Assembleia, caso a tese de fraude à cota de gênero seja aceita na Justiça Eleitoral. Assim, o PL teria a chapa de 46 candidatos – dos quais 4 foram eleitos – impugnada e as vagas redistribuídas entre as demais coligações. 

O suposto uso de candidaturas fictícias ou laranja pelo Partido Liberal está agitando os bastidores da política cearense, conforme noticiamos nesta coluna.

Veja também

Na primeira ação, Adelita Monteiro (Psol) aponta um suposto uso de candidatura fictícia de Andreia Moura Fernandes que, ainda em meio à campanha eleitoral, apresentou documento à Justiça negando que fosse candidata, apesar de seu nome de que seu nome constasse na lista do PL. 

As outras candidatas apontadas nas duas novas ações são Maria Meiriane de Oliveira, Marlúcia Basrroso Bento, Iracema Deib, Silvia dos Santos Brasil, Oneida Pinheiro e Viviane dos Santos Silva. 

Os elementos apontados nas ações tanto pelo Ministério Público quando pela defesa dos interessados acima citados são já posteriores à conclusão da eleição, diferentemente da ação movida contra o caso de Andreia Moura. 

As três ações estão em andamento.

Conduta reiterada

Em resumo, as duas novas ações apontam, dentre outros elementos, baixa quantidade de votos, ausência de perfis nas redes sociais, apoio a outros candidatos no pleito e problemas contábeis como ausência de prestação de contas e gastos de campanha. 

Em contato com essa coluna, o advogado Hélio Parente, que representa os interessados, diz que há um conjunto de elementos que apontam a possível fraude à cota de gênero.  

“Está demonstrada uma conduta reiterada do PL de uso de candidaturas fictícias apenas para cumprir o número mínimo de candidaturas femininas”. 
Hélio Parente
Advogado

Contradições

Esta Coluna também ouviu o advogado do PL, Damião Tenório. Segundo ele, a defesa do partido segue confiante e serena. "Essas candidatas, ao serem confrontadas, irão revelar a verdade pela contradição dos depoimentos. Por isso, seguimos tranquilos".