Cassação de prefeito revela ação de facções na disputa eleitoral de 2024; há outras investigações
Casos sob investigação em pelo menos 5 cidades cearenses mostram a gravidade do problema

A decisão unânime do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) de cassar o mandato do prefeito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), escancarou um problema crescente no cenário político do Estado: a interferência de facções criminosas nas eleições municipais.
O caso foi classificado por desembargadores como o “mais grave e ultrajante” já enfrentado pela Justiça Eleitoral no Ceará. A condenação de Braguinha e do vice, Gardel Padeiro (PP), se baseou em provas robustas do envolvimento direto da facção Comando Vermelho (CV) na campanha eleitoral.
A gravidade dos fatos e envolvimento de criminosos
As investigações revelaram práticas que extrapolam qualquer limite ético: compra de votos com drogas, coação a eleitores e adversários, ameaças a servidores da Justiça Eleitoral e pagamentos milionários a traficantes da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Uma eleição sequestrada pelo crime organizado, onde o voto deixa de ser livre e se torna instrumento de terror.
Veja também
Ameaças à democracia: outros municípios sob investigação
Santa Quitéria não é um caso isolado. Em cidades como Fortaleza, Caucaia, Sobral, Potiretama, Choró e Iguatu, há investigações em curso, muitas com prisões e provas materiais, que indicam um mesmo padrão de atuação: violência e intimidação para impor candidatos alinhados a facções criminosas.
Casos de intimidação e extorsão em campanha
Em Sobral, criminosos teriam articulado ataques a eleitores da ex-governadora Izolda Cela durante comícios, além de exigir “pedágios” de até R$ 60 mil de candidatos a vereador. Em Fortaleza, há denúncias de ameaças a familiares de advogados e ordens para que candidatos deixem determinadas áreas da cidade.
O desafio de blindar as eleições
A decisão do TRE-CE no caso de Santa Quitéria é pedagógica, mas precisa ecoar em outras instâncias. É urgente fortalecer as instituições, garantir segurança nos pleitos e criar barreiras efetivas contra a infiltração do crime nas eleições.
Blindar o processo eleitoral contra o crime organizado é uma tarefa fundamental para preservar o futuro das cidades e da própria democracia.