Capitão Wagner põe Bolsonaro entre outros candidatos e sinaliza que palanque não será exclusivo

Na coligação, ao menos quatro partidos terão postulantes a presidente. Wagner quer dar importância ao presidente, mas não exclusividade

Legenda: Pré-candidato ao governo do Estado pelo União Brasil defende feitos do governo federal, mas discorda de discurso de Bolsonaro sobre urnas eletrônicas
Foto: Gustavo Pellizzon

O pré-candidato ao governo do Estado pelo União Brasil, Capitão Wagner, faz questão de destacar que no seu arco de alianças deverão estar ao menos quatro partidos com candidatos a presidente da República. Isso deverá exigir dele “habilidade” para conduzir e reduzir os conflitos na aliança de oposição no Ceará.

A declaração de Wagner, dada em entrevista a esta coluna, nesta segunda-feira (25), demonstra um cuidado que ele deverá ter na campanha eleitoral, sobre o qual já tratamos aqui: dar ao presidente Jair Bolsonaro um lugar de importância, mas não de exclusividade no palanque.

Embora considere fundamental a parceria com o PL, que deverá indicar o candidato a vice na sua chapa, Capitão Wagner ver restrições em abraçar completamente a candidatura de reeleição do presidente, pelo menos neste primeiro momento.

Além do PL, o Pros, com Pablo Marçal, o Avante, com André Janones, e o próprio União Brasil, com Luciano Bivar, são as legendas aliadas a Wagner que devem ter candidato próprio a presidente.

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“A gente vai ter que ter muita habilidade pra administrar isso (questão presidencial). A gente deve ter inclusive convenções separadas. O PL vai fazer a convenção dele. Logicamente, com a defesa da candidatura do presidente Bolsonaro, o PROS vai fazer com defesa do Pablo Marçal, União Brasil ainda tá indo nos arranjos finais”, declara.

Na última passagem pelo Ceará, em Fortaleza, o presidente Bolsonaro esteve com Capitão Wagner no palanque e fez comentários elogiosos a respeito do pré-candidato do União Brasil. Wagner sabe, entretanto, que terá que usar a parceria com o presidente da República com bastante cuidado. Apoiadores dele consideram que o pré-candidato ao governo tem eleitores que votam em outros candidatos a presidente, até mesmo em outros campos ideológicos.

A estratégia de Wagner será tentar distanciar a sucessão estadual do embate nacional, reforçando que as demandas locais são mais urgentes. Ele quer foco, por exemplo, nas questões que envolvem o empreendedorismo.

O que une e o que separa

Ao se referir a Bolsonaro, Wagner enumera pontos que considera positivos, como os casos da chegada das águas da Transposição do São Francisco, o piso nacional dos professores e o Auxílio Brasil. Entretanto, traça uma linha divisória quando o assunto é a segurança do sistema de voto eletrônico no Brasil.

“Sem dúvida, o Governo Federal tem muitos pontos positivos: a transposição do Rio São Francisco, a questão relacionada ao reajuste do piso salarial dos professores, com o maior da história, questões relacionadas agora ao auxílio Brasil (...) Então, tem muita coisa positiva a se falar, mas a gente vai ver o momento correto e o formato correto e legal pra evitar problemas eleitorais”, diz.

“Eu disputei seis eleições, venci três e perdi três e em nenhum momento ninguém me viu choramingar ou criticar o sistema eleitoral. Lógico que eu sou a favor de toda medida que aumente a fiscalização e transparência da apuração dos votos. Mas eu confio nas urnas, vou trabalhar com a perspectiva de que nós vamos vencer a eleição. Até porque se a gente começar a dizer que as urnas não são confiáveis, a gente vai estar dando desculpas para uma possível derrota”.

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