Capitão Wagner deixa de lado narrativa de 'independência' e lidera palanque bolsonarista

O deputado federal reafirmou candidatura ao governo do Estado e reforçou críticas do presidente à imprensa, ao Congresso e ao STF

Legenda: À vontade em meio aos militantes ligados ao bolsonarismo, Wagner deixa de lado a narrativa de "independente" nas manifestações
Foto: Reprodução

Em Brasília, em cima de um carro de som, em tom de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso inflamado, de caráter golpista, em que tentou enquadrar o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes. Já na Capital cearense, o ato não teve a presença de Bolsonaro para inflamar a massa, mas não ficou sem liderança. Coube ao deputado federal Capitão Wagner (Pros) usar o carro de som, também em tom de campanha eleitoral, para representar o bolsonarismo.

Aliás, Wagner foi um dos poucos congressistas cearenses ao ato. Ao todo, o Ceará tem 22 deputados federais e três senadores. Destes, apenas Wagner e o deputado federal Jaziel Pereira (PL) estiveram no palanque pró-Bolsonaro na Praça Portugal. 

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Por aqui, com o microfone bolsonarista na mão, o capitão agitou os presentes com o que queriam ouvir: críticas à imprensa, ao Supremo e ao Congresso, especialmente ao Senado, que abriu uma CPI para investigar a atuação do governo federal na pandemia.

O tom foi de comício mesmo. Wagner reafirmou pré-candidatura ao governo do Estado - inclusive para tirar as dúvidas desta possibilidade -, criticou decretos de isolamento do Governo do Estado na pandemia e mirou também os irmãos Ferreira Gomes.

O deputado federal, conforme disse, quer continuidade do projeto nacional de Bolsonaro e cumprir o que o presidente prometeu na última visita a Juazeiro do Norte no mês passado: "um capitão lá (em Brasília) e outro aqui". 

Ligação com as bases

A aproximação entre Wagner e Bolsonaro é quase natural. O cearense cresceu políticamente ao liderar policiais militares em um motim em 2012. Bolsonaro tem nos militares a sua principal base de apoio.

Mesmo assim, o desgaste de imagem do presidente com o eleitorado cearense fez Wagner se distanciar ocasionalmente. Na campanha à Prefeitura de Fortaleza, no ano passado, a narrativa do candidato alternou momentos de mostrar proximidade e distanciamento do presidente.

Parece ter chegado ao fim a crise de identidade. Liderar um palanque bolsonarista constitui um momento político cercado de significado para Capitão Wagner.

Um elemento a mais 

A ausência de parlamentares cearenses que nasceram do bolsonarismo, como o vereador de Fortaleza Carmelo Neto, que está viajando em lua de mel, e do deputado estadual André Fernandes, que preferiu ir aos atos em São Paulo, deram ainda mais destaque a Capitão Wagner no palanque.